A Senadora Simone Tebet (MDB-MS) defendeu publicamente a criação do adicional de R$ 150 por filhos menores de seis anos no Bolsa Família. Em reunião no Senado Federal, a congressista criticou os colegas que falaram contra a criação de um bônus para o programa social, e insinuou que eles deveriam diminuir os seus salários.
“Eu lamento alguém dizer que é a favor de R$ 600, mas não em relação a R$ 150 por criança porque aposentado ganha menos. Nivelar por baixo em um país que tem 46% de crianças passando fome, crianças que estão na linha da pobreza no Brasil? Eu quero dizer que se for para nivelar por baixo então vamos nivelar o nosso salário.”
“Alguém que ganha R$ 30 mil dizer que não tem condições de garantir R$ 150 para crianças? Eu estou no grupo da transição (na área de Desenvolvimento Social e Combate à Fome). Só do Bolsa Família são R$ 175 bilhões, mas temos R$ 2 bilhões do gás. Se nós não abrirmos um crédito de R$ 3 bilhões para o SUAS (Sistema Único de Assistência Social) não vai ter dinheiro para os municípios garantirem os CRAS (Centros de Referência em Assistência Social)”, disse Tebet.
Adicional de R$ 150 para o Bolsa Família
A ideia de criar um adicional de R$ 150 por filhos menores de seis anos nasceu de uma promessa de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Durante as eleições deste ano, o petista disse que aprovaria um projeto para garantir que famílias maiores recebam mais dentro do âmbito do Auxílio Brasil.
Depois da eleição, a equipe de Lula apresentou a chamada PEC da Transição. O texto, que já foi aprovado no Senado Federal, prevê a liberação de R$ 145 bilhões dentro do teto de gastos para a manutenção do Auxílio Brasil na casa dos R$ 600, e também a criação deste adicional de R$ 150 por filhos menores de seis anos. O documento ainda precisa ser aprovado na Câmara dos Deputados.
Outras despesas
Nos últimos dias, vários setores do mercado estão alertando que os gastos com a PEC da Transição poderão trazer prejuízos para o Brasil em um futuro próximo. Entretanto, a senadora Simone Tebet disse que os gastos são importantes para cobrir despesas básicas, sobretudo para a população mais pobre.
“Nós estamos falando de Farmácia Popular. Nós estamos falando das universidades e do Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Estamos falando de centro de pesquisas totalmente paralisados. Fruto da pandemia? , da incompetência? Fruto da indiferença, da má vontade ou da má gestão? Eu não sei. Mas esta é a realidade dos fatos”, disse Tebet.
“Cabe a nós, em uma construção da cidadania, nos juntarmos e resolver o problema. Nós não estamos apressados, não. Nós estamos atrasados em uma dívida com milhões e milhões de crianças neste país”, completou a Senadora.
Atuação de Tebet
A atuação de Tebet no processo de aprovação da PEC da Transição no Senado Federal chamou a atenção do PT. Segundo informações de bastidores colhidas pela emissora CNN Brasil, a parlamentar não apenas discursou pela aprovação do texto, como também visitou uma série de gabinetes para convencer senadores indecisos.
Com influência ou não, fato mesmo é que o governo do presidente eleito conseguiu uma vitória no Senado ao aprovar o texto por um placar de 64 a 16 no primeiro turno e 64 a 13 no segundo. Aliados de Lula estavam esperando que o número de votos favoráveis chegasse apenas aos 55 na melhor das hipóteses.