A revisão do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) é um tema que ganhou destaque nos últimos anos e tem despertado a atenção de muitos trabalhadores brasileiros. O motivo é simples: a possibilidade de aumento do saldo das contas vinculadas ao fundo, administradas pela Caixa Econômica Federal.
A revisão do FGTS é uma ação judicial que busca questionar a constitucionalidade da correção monetária do dinheiro depositado no Fundo de Garantia. Atualmente, essa correção é de 3% ao ano, mais a TR (Taxa Referencial), que rende próximo de zero. Essa atualização do dinheiro fica abaixo da inflação, o que acaba gerando perdas para o trabalhador.
O questionamento sobre a correção do FGTS chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2014, levado pelo partido Solidariedade e pela Força Sindical. A ação argumenta que a TR deveria ser considerada inconstitucional e que, em seu lugar, deveria ser definido um índice de inflação, como o IPCA-E (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – Especial) ou o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
Todos os trabalhadores com dinheiro no fundo a partir de 1999 podem ter direito à correção se o Supremo entender que o índice utilizado estava errado e trouxe perdas. Segundo a Caixa, existem atualmente cerca de 117 milhões de contas do Fundo de Garantia, entre ativas e inativas. Especialistas calculam que ao menos 70 milhões de trabalhadores podem ser beneficiados com a revisão.
O processo de revisão do FGTS está em andamento no STF e já passou por várias etapas. O relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso, defendeu em seu voto que o Fundo de Garantia deve ter ao menos a remuneração da poupança, atualmente em 6,17% ao ano mais TR. Entretanto, ele alterou seu voto para que essa correção passe a valer apenas a partir de 2025 e não retroativamente.
A revisão do FGTS pode ter um impacto significativo no saldo das contas dos trabalhadores. De acordo com simulações feitas por especialistas, um trabalhador que tinha um saldo de R$ 5.000 no fundo no início de um ano poderia ter um saldo final de R$ 5.357,05 ao fim do mesmo ano, caso o FGTS tivesse a correção da poupança. Isso representa um ganho de R$ 357,05.
Apesar das possíveis vantagens, especialistas não recomendam que os trabalhadores entrem com ação para solicitar a revisão do FGTS neste momento. Isso porque a decisão final do STF ainda não foi tomada e, dependendo do resultado, quem entrou com ação pode acabar perdendo dinheiro.
O FGTS foi criado em 1966 e funciona como uma espécie de poupança para o trabalhador. Todo mês, o empregador deposita 8% do salário do funcionário em uma conta aberta para aquele emprego. Se o trabalhador for demitido sem justa causa, ele ainda tem direito a uma multa de 40% sobre o saldo do FGTS.
Desde 2017, o FGTS também paga o lucro que o fundo obtém no ano, aumentando os ganhos dos trabalhadores. Na maioria das vezes, com a distribuição dos resultados, os trabalhadores tiveram ganhos acima da inflação.
A partir de 2025, a Caixa Econômica Federal será obrigada a dividir 100% do lucro com o fundo, o que aumentará ainda mais a rentabilidade dos trabalhadores. Neste ano, a Caixa distribuiu 99% do lucro, creditando R$ 12,719 bilhões na conta dos trabalhadores.
A revisão do FGTS é um assunto complexo e que ainda está em discussão. Enquanto aguardamos a decisão final do STF, é importante que os trabalhadores estejam cientes de seus direitos e acompanhem as atualizações sobre o tema. Afinal, a revisão pode significar um ganho expressivo para muitos brasileiros.