O mercado de crédito brasileiro tem sido objeto de atenção constante, especialmente no que diz respeito às projeções de crescimento e às mudanças nas estimativas ao longo do ano.
Com base na Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas de agosto, examinaremos as perspectivas de crescimento para diferentes segmentos, os fatores que moldam essas projeções e como elas impactam a economia como um todo.
Uma das tendências mais notáveis ??refletidas na pesquisa é a melhoria nas projeções para o crescimento do crédito livre destinado às famílias brasileiras. Em meio à resiliência do mercado de trabalho e às medidas de estímulo ao consumo, a projeção para o crescimento da carteira de crédito para pessoas físicas subiu para 9,8%, em comparação aos 9,3% estimados na pesquisa de junho. Assim, essa reviravolta é ainda mais impressionante quando consideramos que, em maio, os bancos projetavam um crescimento mais moderado de 8,5%.
Esse aumento nas projeções para o crédito familiar teve um efeito positivo nas estimativas para o desempenho geral do crédito livre. As expectativas para o crescimento da carteira de crédito livre total aumentaram ligeiramente de 6,1% para 6,3%.
No entanto, é interessante observar uma tendência oposta no segmento corporativo, onde as projeções para o crédito livre para empresas diminuíram de 2,4% para 1,7%. Essa mudança é reflexo das condições do mercado, incluindo uma percepção de aumento de risco e taxas de juros elevadas.
A Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas é conduzida a cada 45 dias e se baseia nas estimativas dos bancos para vários aspectos da economia ao longo do ano. A pesquisa é realizada logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e oferece uma visão à frente em contraste com a Pesquisa Especial de Crédito, que busca antecipar os números do mês anterior divulgados pela Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central.
Em relação ao crescimento da carteira de crédito total, observa-se uma tendência de revisão ligeiramente baixa, conforme destacado na pesquisa anterior. Em suma, a projeção média para 2023 é de um aumento de 7,6%, o que representa uma leve queda em comparação aos 7,8% estimados na pesquisa de junho. No entanto, essa projeção ainda está alinhada com a estimativa atual do Banco Central, que é de 7,7%.
As projeções para 2024 também têm destaque no estudo. A previsão de expansão da carteira total foi revisada para cima, passando de 7,4% para 7,9%. Desse modo, isso é especialmente impulsionado pelo crescimento projetado na carteira com recursos livres, que passou de 7,7% para 8,6%. Assim sendo, a redução das taxas de juros e a queda na inadimplência são fatores que contribuem para essa expectativa de crescimento.
No que diz respeito à inadimplência na carteira livre, a pesquisa revela uma ligeira elevação nas projeções para 2023, chegando a 4,9%. Embora pequena, essa mudança sinaliza uma preocupação contínua com a estabilidade do indicador.
No entanto, as projeções para 2024 mostram uma melhoria, com uma queda estimada de 4,6% para 4,5%. Quanto à Taxa Selic, a pesquisa reflete a expectativa de cortes graduais nas reuniões do Copom até o final de 2023.
Em suma, a previsão é que a Selic encerre o ano em 11,75% e continue em declínio até março de 2024, quando atingiria 10,75% ao ano. De forma geral, os apontamentos da Febraban impactam a economia, considerando as alterações no fluxo de oferta e demanda dentro da dinâmica do mercado atual.