Se você nunca solicitou um empréstimo, certamente conhece alguém que já solicitou algum. E durante o ano de 2023, esta realidade se impôs com ainda mais clareza. De acordo com dados do Banco Central (BC), o número de concessões no ano passado cresceu 4,7% em comparação com 2022.
Para além disso, o Banco Central também infirmou que o estoque total de crédito teve um avanço de 1,4% em dezembro deste ano, alcançando o patamar de R$ 5,783 trilhões. Trata-se de um alta de 7,9% em comparação com os números registrados no ano de 2022.
O que pode explicar estas elevações? Segundo especialistas, algumas medidas que foram tomadas pelo governo federal podem ajudar a entender o fenômeno. Nos últimos meses, por exemplo, um aumento na margem consignável do consignado do INSS foi aplicado. Para além disso, também houve uma série de reduções nas taxas máximas de juros.
Mudanças nas margens
A margem consignável nada mais é do que a parcela da aposentadoria que pode ser comprometida em um pedido de consignado do INSS. O número é importante para que o cidadão entenda até quanto ele pode solicitar em um empréstimo do Instituto Nacional do Seguro Social.
De acordo com o Ministério da Previdência, com o aumento do salário mínimo, há também um reajuste nos valores das aposentadorias. Consequentemente, o governo federal também aumenta, de maneira proporcional, a chamada margem consignável.
Para as pessoas que recebem um salário mínimo, ou seja, R$ 1.412, a margem consignável passa de R$ 462 em 2023, para a R$ 494,20 neste ano de 2024.
Vale lembrar que atualmente, o segurado pode comprometer até 45% da sua renda previdenciária, de modo que há uma divisão entre as partes:
- 35% para contratar empréstimo pessoal consignado;
- 5% para o cartão de crédito consignado;
- 5% para o cartão consignado de benefício.
Segundo o INSS, o segurado pode realizar até nove pedidos de empréstimos consignado.
Reduções nos juros do consignado
Em entrevistas recentes, o ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), garantiu que toda vez que a Selic for reduzida, ele vai reduzir também a taxa máxima de juros do consignado. Tais atos já estão sendo realizados desde o ano passado.
O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou no dia 11 de janeiro uma nova redução no teto máximo de juros do consignado para segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A medida afetou contratos que foram assinados a partir da decisão.
De acordo com as informações oficiais, o empréstimo consignado convencional teve uma redução de 1,80% para 1,76% ao mês. Já nas operações de cartão de crédito e do cartão consignado de benefícios, o recuo aprovado foi de 2,67% para 2,61% ao mês.
Sequência de quedas no consignado
Com a aprovação da nova redução, pode-se dizer que esta é a sexta vez desde o início de 2023 que o CNPS aplica uma alteração na taxa máxima de juros do consignado. Relembre:
- Março/2023 – 2,14% para 1,70%;
- Março/2023 – 1,70% para 1,97%;
- Agosto/2023 – 1,97% para 1,91%;
- Outubro/2023 – passou de 1,91% para 1,84%.
- Dezembro/2023 – passou de 1,84% para 1,80%.
- Janeiro/2024 – passou de 1,80% para 1,76%.
O consignado é uma espécie de empréstimo. Ao entrar neste sistema, o cidadão recebe a quantia e passa a pagar na forma de descontos mensais nas parcelas de sua aposentadoria.
Pedido do presidente
Vale sempre lembrar que as medidas para aumento da concessão do consignado foram aprovadas pelo presidente Lula. Em um discurso dias depois da sua posse ele falou justamente sobre este tema.
“Quero que a gente seja campeão de crédito consignado. Quero mostrar para vocês uma coisa que eu dizia em 2003 e vou dizer agora: o pobre nesse país não é o problema, é a solução, na medida em que é incluído na economia”, disse Lula, sem citar a questão do consignado do Auxílio Brasil.
“Vamos, outra vez, incluir povo pobre na economia e queremos que o Banco do Brasil cumpra sua parte”, disse o presidente.