A realidade do trabalho autônomo no Brasil é complexa. Apesar de proporcionar flexibilidade e autonomia, a falta de um contrato de trabalho formal pode trazer desafios significativos, principalmente quando se trata de comprovar renda para acessar certos benefícios e serviços. Um desses desafios é a aquisição da casa própria, muitas vezes dificultada pela necessidade de comprovação de renda constante.
Entretanto, uma notícia recente trouxe esperança para milhões de brasileiros que trabalham por conta própria. O governo federal, juntamente com a Caixa Econômica Federal, está estudando medidas para facilitar a comprovação de renda de trabalhadores autônomos, permitindo que eles acessem o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
De acordo com o ministro das Cidades, Jader Filho, a equipe da Secretaria Nacional de Habitação está trabalhando junto à Caixa Econômica Federal para apresentar uma proposta que permita a comprovação de renda mais acessível para trabalhadores autônomos.
A proposta tem como objetivo atender trabalhadores de diversas categorias, como catadores de materiais recicláveis, motoristas de aplicativos e vendedores ambulantes, que muitas vezes têm dificuldade em comprovar seus rendimentos. No Brasil, estima-se que 38.8 milhões de pessoas estavam na informalidade em 2022, o que representava 39.6% da população economicamente ativa.
Atualmente, o tema já está maduro no Ministério das Cidades, contudo, o ministro Jader Filho ressalta que ainda é preciso avançar com outras portarias pendentes necessárias para a execução do Minha Casa, Minha Vida. Assim, o ministério, que se extinguiu no governo anterior, está sendo reconstruído do zero, o que dificulta o avanço rápido das medidas.
Os desafios habitacionais no Brasil são enormes. Nesse sentido, o déficit habitacional no país era de 5,876 milhões de moradias em 2019, segundo estudo da Fundação João Pinheiro – FJP. Com a nova proposta, o governo espera facilitar o acesso à moradia para milhões de brasileiros que trabalham por conta própria.
O programa Minha Casa, Minha Vida, que entrou em vigor no início de julho deste ano, depende da renda das famílias. O programa se divide em três faixas de renda.
Em relação ao valor do imóvel, o financiamento máximo é de R$ 170 mil para empreendimentos voltados à Faixa 1; de R$ 264 mil para a Faixa 2; e de R$ 350 mil para a Faixa 3.
Apesar da dificuldade de comprovação de renda para trabalhadores autônomos, existem formas de superar esse desafio. Uma das formas mais comuns é a movimentação bancária.
Neste método, a comprovação de renda é feita através da análise dos depósitos e saques realizados em uma conta corrente durante períodos fechados. Por exemplo, se você recebe em dinheiro e depois deposita em sua conta bancária, é necessário que exista pelo menos dois depósitos em cada mês.
Além disso,é importante que o dinheiro depositado seja gasto também, para comprovar a movimentação financeira.
Para exemplificar, vamos considerar o caso de João, um trabalhador autônomo que atua como segurança de festas. Em novembro, João conseguiu receber um total de R$ 1.500,00 nas festas que trabalhou, já em dezembro e janeiro, João recebeu um total de R$ 2.000,00.
João tinha o hábito de depositar em sua conta corrente na Caixa Econômica Federal no dia seguinte ao recebimento do dinheiro, já que utilizava o banco para pagar suas contas mensais. Além disso, João informou ao corretor que sua conta possuía limite para cheque especial.
Com essas informações, o corretor foi capaz de comprovar a renda de João através da movimentação bancária, permitindo que ele participasse do programa Minha Casa, Minha Vida.
Por fim, embora pareça complicado, o processo de comprovação de renda para pessoas que trabalham de forma autônoma é possível e pode ser simplificado com a devida orientação. Com a nova proposta do governo, espera-se que mais trabalhadores autônomos consigam realizar o sonho da casa própria no Brasil.