Inferno climático. Este foi o termo utilizado pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterrez na manhã desta terça-feira (8). Ele discursou no segundo dia da Cúpula do Clima, a COP 27, no Egito. Na ocasião, Guterrez pediu para que os países trabalhassem juntos para ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa ao redor do planeta.
“Estamos na luta de nossas vidas. E estamos perdendo. As emissões de gases de efeito estufa continuam crescendo. As temperaturas globais continuam subindo. E nosso planeta está se aproximando rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível”, afirmou o chefe da ONU.
Na oportunidade, o secretário afirmou ainda que os países precisam trabalhar unidos, mesmo aqueles que estão, nas palavras dele, distraídos com a Guerra da Ucrânia contra a Rússia. Há uma preocupação de que o foco no conflito bélico possa fazer com que os países deixem de lado os seus compromissos ambientais de preservação do clima.
“Estamos em uma estrada no caminho para o inferno climático com o pé no acelerador”, alertou ele. Dados mais recentes divulgados pela ONU mostram que o planeta pode aquecer até 2,5 graus até o final deste século, em relação ao que se viu nos níveis pré-industriais. Há uma preocupação quanto ao futuro do mundo neste sentido.
“As duas maiores economias, EUA e China, têm uma responsabilidade particular de unir esforços para tornar esse pacto uma realidade”, disse Guterres, em Sharm el-Sheikh, cidade que está recebendo a conferência neste ano.
A COP 27, que está acontecendo no Egito, deve receber representantes de centenas de países nos próximos dias. Logo na abertura do evento nesta semana, o grupo que reúne as maiores empresas de agronegócio do mundo assinou um termo com uma série de promessas.
A principal delas é o plano de eliminar o desmatamento em suas cadeias de fornecimento de carne bovina, óleo de palma e soja. A ideia é que a eliminação da prática do desmatamento nestas localidades seja feita até o ano de 2025.
Assinaram o documento as seguintes empresas: JBS, Cargill, Bunge, ADM (Archer Daniels Midland), Louis Dreyfus Company e COFCO International da China.
O Brasil terá representantes durante o evento da ONU no Egito. Segundo as informações oficiais, dois grupos estarão no país. Um deles estará representando o governo do presidente Jair Bolsonaro, e outro será comandado pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A grande expectativa mesmo é pela presença do petista, que ao contrário de Bolsonaro, já confirmou presença no evento. Segundo informações de bastidores, Lula estará acompanhado pelo governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), da senadora Simone Tebet (MDB), da deputada federal eleita Marina Silva (REDE), e da futura primeira dama Janja Silva.
“O Brasil não vai mais para a COP na condição de país chantagista, que vai chantagear os países ricos, dizendo que só vai proteger a Amazônia se nos pagarem para isso. O compromisso do Brasil sempre foi proteger a Amazônia e os biomas brasileiros. É uma decisão estratégica, política e ética do Brasil”, disse Marina Silva em entrevista nesta semana.
O Governo Federal não comentou as críticas da deputada federal eleita. Marina é uma das cotadas a assumir o Ministério do Meio Ambiente de Lula.