Sporotrichosis, mais conhecida como esporotricose, é uma doença fúngica que tem se disseminado no Brasil, principalmente através dos felinos, e vem preocupando tanto a população em geral quanto a comunidade especializada. Anteriormente conhecida por acometer trabalhadores da terra, como agricultores, jardineiros e coveiros, a esporotricose agora está se espalhando para outros ambientes. Neste artigo, abordaremos o que é a esporotricose, como ela é transmitida, seus sintomas, tratamentos e medidas de prevenção.
O que é Sporotrichosis?
A Sporotrichosis é uma doença fúngica que afeta a pele e o tecido subcutâneo, sendo popularmente conhecida como uma micose de pele. O principal tipo de esporotricose é a esporotricose cutânea, que se restringe às lesões na pele. No entanto, também podem ocorrer outros tipos clínicos da doença, à medida que ela se espalha pelo organismo do indivíduo. Alguns exemplos são a esporotricose extra cutânea, que afeta outros tecidos além da pele, como as mucosas da cavidade oral, ossos e músculos, e a esporotricose disseminada, quando múltiplos tecidos diferentes estão infectados pelo fungo, incluindo pulmão e órgãos viscerais.
Curiosamente, a esporotricose também é conhecida como “doença dos jardineiros”, pois os primeiros casos diagnosticados nos Estados Unidos, no final do século 19, acometeram plantadores de rosas. O fungo que causa a doença ocorre naturalmente no solo e na superfície de plantas, como a roseira. Nos Estados Unidos, os pacientes foram infectados ao se arranharem nos espinhos das rosas. Já no Brasil, o primeiro diagnóstico de esporotricose em animais ocorreu em 1907, em ratos naturalmente infectados nos esgotos da cidade de São Paulo. Os primeiros casos em felinos surgiram nos anos 1950.
Transmissão da Sporotrichosis
A transmissão da esporotricose ocorre principalmente por meio do contato direto com o fungo. As principais vias de transmissão incluem traumas e acidentes com espinhos, plantas e madeiras contaminadas, manipulação de vegetais em decomposição e arranhaduras e acidentes com animais contaminados. Os felinos são os principais transmissores da doença devido à facilidade do fungo em infectá-los.
Segundo o médico veterinário Pedro Cunha, a esporotricose pode ser transmitida dos gatos para pessoas, cães e outros animais. Embora as lesões em humanos e cachorros geralmente não sejam tão severas como nos gatos, o tratamento da esporotricose ainda é caro e demorado. A doença se concentra principalmente em animais de rua ou de comunidades de baixa renda, o que dificulta o tratamento devido ao alto custo envolvido.
Sintomas da Sporotrichosis
Os sintomas da esporotricose costumam começar com lesões profundas na pele, que podem evoluir para nódulos e secreções. Se não tratada, a micose pode se agravar e entrar na corrente sanguínea do animal, podendo levar à morte em casos mais graves. Nos seres humanos, a região mais comum para o aparecimento de lesões é a cabeça. O fungo presente nas feridas destrói progressivamente a epiderme, a derme, o colágeno, os músculos e até mesmo os ossos. Além disso, o fungo também pode afetar os órgãos internos, agravando o quadro clínico.
Alguns outros sinais da esporotricose incluem o surgimento de lesões ulceradas com pus, feridas e caroços que crescem ao longo das semanas, tosse, dor ao respirar, febre e falta de ar. Esses sintomas podem variar de acordo com a gravidade da doença e a resposta do sistema imunológico do indivíduo.
Tratamento da Sporotrichosis em Gatos
É fundamental que os felinos infectados sejam acompanhados de perto por um médico veterinário. Os tratamentos mais comuns envolvem longos períodos de antifúngicos orais, sendo o Itraconazol o principal antifúngico utilizado. No entanto, devido ao longo período de medicação antifúngica oral, é indicado que as funções dos órgãos, como fígado e rim, sejam periodicamente verificadas por meio de exames de sangue.
O presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Ceará (CRMV-CE), Francisco Atualpa Soares Júnior, ressalta a importância de persistir no tratamento completo, mesmo quando os sintomas diminuem. Muitos donos de animais desistem do tratamento prematuramente, o que pode ser prejudicial. É fundamental conscientizar sobre a importância de seguir o tratamento completo e não interrompê-lo antes do tempo recomendado.
Tratamento da Sporotrichosis em Humanos
O tratamento da esporotricose em humanos deve ser realizado sob acompanhamento médico. Normalmente, são utilizadas soluções fungicidas de uso tópico para a pele e antifúngicos sistêmicos de uso oral. A duração do tratamento e a elaboração do protocolo devem ser estabelecidas por um médico infectologista, levando em consideração a extensão da doença no paciente.
Prevenção da Sporotrichosis
A principal medida de prevenção da esporotricose é evitar o contato com o fungo. Isso pode ser feito utilizando equipamentos de proteção individual, como luvas e mangas longas, ao manipular matéria orgânica, plantas e vegetações. Além disso, é importante encaminhar rapidamente animais com lesões suspeitas para atendimento veterinário, especialmente os felinos, que são a espécie mais afetada pelo fungo.
Sporotrichosis em Crianças, Idosos e Indivíduos com Enfermidades Crônicas
Crianças, idosos e indivíduos com enfermidades crônicas possuem uma imunidade deficiente, o que os torna mais suscetíveis a desenvolver formas mais graves da doença. As crianças, em especial, são mais propensas a acidentes com lascas de madeira e animais devido ao seu comportamento curioso e ativo. Portanto, é necessário prestar maior atenção e cuidado a elas, principalmente aquelas que vivem em regiões rurais.
Incidência da Sporotrichosis
A incidência da esporotricose no Brasil vem chamando a atenção dos pesquisadores devido ao aumento significativo de casos registrados. Segundo uma nota técnica divulgada pelo Ministério da Saúde no primeiro semestre de 2023, cerca de 90% dos casos de esporotricose em humanos e animais têm relação com a espécie típica do Brasil. Os felinos são os principais hospedeiros e vetores do fungo para as pessoas.
No entanto, devido à falta de obrigatoriedade de notificação da esporotricose, não é possível saber com precisão a quantidade de infectados em todo o país. Cada estado tem sua própria política de notificação, o que dificulta a conscientização e a realização de campanhas de alerta. No Ceará, por exemplo, a notificação da esporotricose não é obrigatória. Apesar disso, profissionais da área têm observado um aumento nos casos da doença.
Sintomas da doença
A esporotricose é uma doença fúngica que tem se espalhado no Brasil, principalmente através dos felinos. É importante estar atento aos sintomas da doença, tanto em animais quanto em humanos, e buscar tratamento adequado o mais rápido possível. A prevenção é fundamental para evitar o contato com o fungo, utilizando equipamentos de proteção individual e encaminhando animais com lesões suspeitas para atendimento veterinário. A conscientização sobre a esporotricose e seus riscos é essencial para controlar a disseminação da doença.