Uma pesquisa revelou que a maioria dos entregadores por aplicativo no Brasil trabalham de 9 a 12h por dia para receber menos menos um salário-mínimo.
Com isso, as condições de trabalho estão piores na pandemia para eles.
O resultado faz parte do questionário aplicado intitulado de “Uberização e o trabalho em plataformas digitais de entrega”.
Ao todo foram ouvidos 100 trabalhadores de aplicativos espalhados por todo o Brasil.
Os dados são do projeto Field Project da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas (FGV Direito Rio).
Além do baixo salário pago aos entregadores por aplicativo, outras conclusões foram expostas.
“A nossa hipótese inicial, de que o trabalho é muito precário, foi confirmada. Esses trabalhadores reivindicam melhores taxas de pagamento, seguro contra acidentes e até reconhecimento de vínculo com as plataformas porque hoje eles estão à própria sorte”, defende, em entrevista ao portal Extra, Ana Beatriz Bueno de Jesus, supervisora da pesquisa.
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O estudo revelou também o perfil dos profissionais que atuam como entregadores por aplicativo:
Um total de 31% dos profissionais afirmaram que sofreram acidentes e não tiveram auxílio das empresas dos aplicativos.
A FGV, inclusive, desenvolveu dois matérias para auxiliar essa categoria. “Há organizações que ajudam entregadores que sofrem acidentes, as que oferecem seguro de vida, descontos para aquisição de celulares e motocicletas e até cursos profissionalizantes”, declara Ana Beatriz.
Questionados pelo Extra sobre os salários e outras questões os aplicativos responderam o seguinte:
“Por cada entrega realizada, os entregadores parceiros recebem um valor que varia de acordo com uma série de fatores, desde a cidade em que ele atua, o engajamento do parceiro na plataforma, horário do dia, movimento na região até distância a ser percorrida, etc. No caso do Rio, aumentamos recentemente o valor mínimo de uma entrega, que passou a ser R$ 5. Lembrando que, no Uber Eats, sempre é possível que os usuários deixem valores extras para os entregadores parceiros, que são integralmente repassados”, explicou a empresa.
O Ifood afirmou que já investiu R$133 milhões de reais em ações de proteção e saúde. Entre as ações estaria um auxilio que poderia ser pago para pessoas do grupo de risco ou pessoas com sintomas da Covid-19.
A empresa também alegou que possui seguro de acidentes pessoais para os motoristas que atuam.
Quanto ao salário pago aos entregadores a Ifood destacou que “a revisão periódica do valor da rota mínima, atualmente em R$ 5,31 e superior ao valor da hora do salário mínimo, também faz parte das melhorias contínuas no processo logístico”, apontou.
A empresa também declarou defender uma nova regulamentação com definições de ganhos mínimos, por exemplo.