O número de famílias endividadas no Brasil bateu recorde em 2022. A saber, o número de pessoas com dívidas nunca tinha atingido um percentual tão elevado quanto o do ano passado. E isso mostra que a situação financeira das famílias do país ficou mais crítica que nunca.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento atingiu 77,9% das famílias do país em 2022.
A título de comparação, a taxa havia ficado em 70,9% no ano anterior, ou seja, o endividamento cresceu 7 pontos percentuais em um ano. Em síntese, esse foi o maior avanço registrado pela Peic em um ano.
Confira abaixo as taxas de endividamento nos últimos dez anos:
Os dados acima mostram que o endividamento começou a crescer de maneira mais expressiva em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro. Já em 2020, quando houve a decretação da pandemia da covid-19, a situação ficou ainda mais séria no país.
Seguindo essa trajetória, o percentual de endividamento cresceu ainda mais em 2021, refletindo o impacto da crise sanitária. No entanto, a situação ficou ainda mais crítica em 2022 devido ao aumento dos juros no país, que reduziram o poder de compra do consumidor.
A saber, o Banco Central (BC) elevou 12 vezes consecutivas a taxa básica de juro da economia, a Selic, entre 2021 e 2022, para 13,75% ao ano. Com isso, a taxa Selic chegou ao maior percentual desde 2016, encarecendo o crédito no país em diversas áreas, como bancária e imobiliária.
Ao mesmo tempo, a inflação elevada fez os brasileiros aumentarem seu endividamento, uma vez que o mercado de trabalho ainda se recuperava dos impactos da pandemia. Em meio a tudo isso, o percentual de famílias endividadas disparou no ano passado.
Segundo a Peic, os consumidores que mais se endividaram em 2022 foram os seguintes:
Vale destacar que esses grupos figuraram como os que mais viram as suas dívidas aumentarem no ano passado. Contudo, não quer dizer que os demais grupos não sofreram com o endividamento em 2022. Pelo contrário, o aumento dos débitos ficou bastante disseminado, atingindo a maioria da população.
“O ano de 2022 foi especialmente desafiados para as mulheres, mais numerosas entre a população endividada, assim como entre os inadimplentes. Do total de consumidoras, em média 79,5% se endividaram no ano passado, enquanto 76,7% dos homens possuíam algum tipo de dívida, diferença de 2,8 pontos percentuais entre os gêneros”, explicou a CNC.
Ao analisar a faixa etária, a Peic revelou que os mais jovens sofreram mais com as dívidas no ano passado. Em síntese, 78,1% dos consumidores do país com menos de 35 anos estava endividados. Já entre as pessoas com mais de 35 anos, o endividamento atingiu 77,9%. Isso mostra que os percentuais foram bem semelhantes.
Isso também aconteceu quando o recorte foi a escolaridade. A saber, 78% dos consumidores que concluíram o 2º grau contraíram alguma dívida em 2022. Por sua vez, o percentual de endividamento entre os que não conseguiram terminar o ensino escolar ficou em 77,8%.
Assim como o endividamento, o número de famílias inadimplentes também bateu recorde no ano passado. De acordo com a Peic, quase três em cada dez famílias estava com dívidas atrasadas.
Confira abaixo o percentual de inadimplência dos últimos dez anos:
A saber, o Brasil registrou em 2022 a maior taxa de inadimplência desde o início da série histórica da CNC, em 2010. Aliás, o levantamento não revelou apenas o percentual de famílias com dívidas atrasadas, mas também pesquisa os números de pessoas que não têm condições de pagar as dívidas em atraso.
Nesse caso, o percentual ficou em 10,7% no ano passado, o que representa um leve avanço em relação a 2021 (10,5%). Em suma, o número foi o segundo maior da série histórica, atrás apenas do resultado de 2020, quando 11,0% das famílias do país afirmaram não ter condições de pagar as dívidas atrasadas.
Em resumo, a pessoa inadimplente é aquela que possui dívidas ou contas em atraso. A propósito, há alguns fatores que propiciam o aumento da inadimplência entre os consumidores, como manter mais de um cartão de crédito e não se atentar à própria saúde financeira e às datas de pagamento das contas.
Por isso, para fugir disso e não se tornar apenas um número em pesquisas semelhantes a essa, fique atento à sua situação financeira e faça dívidas apenas se for necessário.