O presidente do banco Itaú, MIlton Maluhy Filho, confirmou que a instituição não vai oferecer a opção de crédito consignado para os usuários do Auxílio Brasil do Governo Federal. A confirmação já era esperada e vinha sendo ventilada por setores da imprensa. Maluhy argumentou que a liberação poderia ser prejudicial aos mais pobres.
“Entendemos que não é o produto certo para público vulnerável. Assim, o banco preferiu não operar”, disse ele durante um evento de apresentação dos dados da instituição nesta terça-feira (9). “(A decisão ocorre por vários motivos) seja pelo perfil do público, que é vulnerável, seja pela temporariedade do benefício e a mudança que ocorre mês a mês”, completou Filho
Assim como o Itaú, outros bancos estão seguindo pelo mesmo caminho. No início da semana, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, também confirmou que não oferecerá o empréstimo. “Não se trata de uma aposentadoria ou pensão, mas um benefício a pessoas que estão em dificuldades. Portanto, o Bradesco não vai operar nessa carteira. Estamos falando de pessoas vulneráveis”, disse ele.
Na última segunda-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de um almoço com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Febraban). Entre outros pontos, o chefe de estado pediu para que os banqueiros oferecessem o consignado, e que a oferta fosse apresentada com juros mais baixos.
Esta é uma questão central em toda esta discussão. Em entrevista no início desta semana, o Ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse que se os bancos oferecerem juros muito altos para o consignado do Auxílio Brasil, o público mais vulnerável poderia cair em uma espécie de bola de neve de dívidas em um futuro não muito distante.
Em entrevista para o podcast Flow, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta semana que entende que o consignado pode ser perigoso em alguns momentos. “Espero que não vire uma bola de neve de dívidas”, disse ele.
Nesse sentido, o presidente afirmou que o ideal é não solicitar o crédito, mas argumentou que algumas pessoas precisam do adiantamento do dinheiro para conseguir quitar dívidas importantes já nos próximos dias.
O texto que libera o consignado para usuários do programa Auxílio Brasil já foi aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Na última semana, o presidente Bolsonaro sancionou o texto e agora resta apenas a regulamentação por parte do Ministério da Cidadania.
Em regra geral, nenhum usuário que faz parte da folha de pagamentos do Auxílio Brasil é obrigado a solicitar o crédito consignado. No final das contas, a decisão de pedir ou não o empréstimo será sempre do cidadão.
Analistas explicam que o consignado pode ser uma boa ideia para as pessoas que pretendem usar a quantia para um investimento. A compra de um material de trabalho, por exemplo, pode ser algo que gera um retorno financeiro para o trabalhador.
Por outro lado, o consignado pode não ser uma boa ideia para as pessoas que precisam do dinheiro para pagar uma dívida regular, por exemplo. Afinal, a conta chegará novamente nos próximos meses, e aí o cidadão estará recebendo menos justamente por causa dos abatimentos do Auxílio Brasil.