De acordo com especialistas a vacinação em massa é fundamental para recuperação de empregos no Brasil. Isso porque a vacinação poderia amenizar a pandemia e possíveis medidas de isolamento, o que ainda é uma insegurança para o mercado.
“Se a gente conseguir imunizar uma quantidade expressiva de pessoas o quanto antes, a economia volta a funcionar de forma mais rápida”, afirmou ao Portal Metrópoles, Renan Pieri, professor de economia da Escola de Administração do Estado de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP).
Ainda não há data para vacinação começar no país. “A vacina vai começar no Dia D, na Hora H no Brasil. No primeiro dia que chegar a vacina, ou que a autorização for feita [pela Anvisa], a partir do terceiro ou quarto dia já estará nos estados e municípios para começar a vacinação no Brasil. A prioridade está dada, é o Brasil todo. Vamos fazer como exemplo para o mundo”, afirmou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em coletiva.
O mercado teve sinais de recuperação no final do ano passado, porém a taxa de desemprego no país ainda é alta. No Brasil 14 milhões de pessoas estão desempregadas, de acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (Pnad Contínua) divulgada.
No total o índice saiu de 14,6% para 14,3% no último trimestre encerrado em outubro. Ainda o número de pessoas ocupadas está menor se comparado o mesmo período em 2019.
Na comparação do mesmo trimestre em 2019, a taxa de desemprego teve alta. Saindo de 11,6% para os atuais 14,3%. Um total de 2,7 pontos percentuais a cima.
Neste mesmo cenário, o país vem gerando vagas com registro na carteira de trabalho. Em novembro, por exemplo, o mercado de trabalho formal registrou em novembro a abertura líquida de 414.556 vagas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
“No segundo semestre, a gente observou uma recuperação de emprego e um fenômeno muito curioso. Ao mesmo tempo em que você vê um aumento do número de vagas, principalmente no setor de comércio e serviços, também observa um crescimento na taxa de desemprego porque mais gente passa a circular, por estar com menos medo da doença, para procurar trabalho. Você tem mais oportunidade e então faz mais sentido você procurar trabalho”, relatou Pieri.
Ainda um total 2,95 milhões de famílias dependia exclusivamente do auxílio emergencial em novembro, de acordo com a última pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “O benefício segurou alguns brasileiros fora do mercado de trabalho porque essas pessoas estavam conseguindo se manter durante a pandemia. Nesse início de ano, haverá uma pressão maior da força de trabalho no mercado, a gente deve ver um aumento significativo da taxa de desemprego nos primeiros meses”, diz Samuel Durso, economista e professor da Faculdade Fipecafi.
Pieri, da FGV, também destacou que com o fim do período de estabilidade de trabalhadores, que passaram pelos programas do governo que previam a redução de jornada e suspensão de contratos de trabalho, é esperado que mais pessoas busquem empregos. “Nos próximos meses, com encerramento do período de garantia de emprego para o trabalhador com contrato suspenso, acreditamos que vai haver um crescimento expressivo no número de pessoas desempregadas. Se não tivesse o programa, esta taxa estaria acima dos 20%”, avalia.