O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu em 2022 uma alta de 5,8%. No entanto, a média do preço relacionada ao aluguel de imóveis residenciais, em todo o país, acabou ficando três vezes maior. Todavia, esta é considerada a maior variação em 11 anos, atingindo cerca de 16,55%.
Para obter estas informações, o FipeZap+ observou a variação de preços de novos aluguéis em 25 municípios, utilizando dados relativos a anúncios de residências desocupadas. Vale observar que o preço pode não indicar o valor real que o inquilino irá pagar depois de negociar com o proprietário.
Isso se deve ao fato de que durante uma negociação, o inquilino pode conseguir alguns descontos relacionados ao valor do aluguel para fechar negócio. São várias as razões para a variação no preço dos aluguéis, em todo país, como por exemplo, a atividade econômica do ano passado.
O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), que é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é estabelecido através de contratos firmados, e por essa razão, acaba sendo um pouco menor. No entanto, a variação foi acima da inflação, com uma alta de 8,25%, referente a 12 meses passados.
Mudanças no mercado
Além das mudanças no cenário econômico do país, houve também uma alteração no comportamento dos consumidores, tendo em vista que eles passaram a preferir imóveis residenciais, em localidades centrais dos municípios. Ademais, um fator que pode ter causado essa busca, foi a epidemia da covid-19.
De acordo com André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE), durante o ápice da pandemia, os proprietários dos imóveis residenciais das grandes cidades brasileiras, acabaram por negociar o valor de seus contratos com os inquilinos, levando em consideração as dificuldades econômicas do momento.
Dessa maneira, os descontos relativos aos novos contratos firmados durante a crise econômica, foram uma forma de os proprietários, continuaram a ter seus imóveis alugados, visto que por conta do desemprego e das dificuldades econômicas, seria difícil conseguir um contrato com valores mais altos.
Analogamente, a partir do momento em que a pandemia se abrandou, as pessoas voltaram a trabalhar, a economia passou a se desenvolver melhor, os proprietários então buscaram alugar seus imóveis residências com preços mais altos. Eles passaram a cobrar até mais que o valor estabelecido em seus contratos.
Inflação do aluguel
A princípio, o Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado teve uma alta expressiva, de cerca de 3%, a inflação bateu a casa dos 5,8% e o aluguel acabou tendo um crescimento ainda maior, de 9%, em média. Com a recuperação econômica, criou-se mais empregos, houve uma maior procura por imóveis residenciais em regiões estratégicas, o que fez com que o proprietário aumentasse seus valores.
De fato, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Brasil em 2022 criou mais vagas de emprego, com um saldo positivo de dois milhões de trabalhadores formais, com carteira assinada. Vale ressaltar que o índice, no entanto, foi 26,6% inferior ao de 2021.
Em síntese, outra mudança pôde ser observada. É a relacionada ao mercado de aluguel de imóveis, onde os inquilinos passaram a procurar imóveis nas regiões centrais das grandes cidades brasileiras. Estas áreas se valorizaram, indo na contramão do que aconteceu na pandemia quando buscavam lugares afastados.
As vantagens dos imóveis em regiões estratégicas são várias. Podemos destacar a acessibilidade maior para determinados serviços, maiores chances de emprego, instituições de ensino perto das residências, entre outros. Com essa valorização deste tipo de imóvel, os proprietários reajustaram seus contratos de aluguel.
Conclusão
Outra curiosidade a respeito do mercado de imóveis, é de que as pessoas passaram a buscar por residências menores que o habitual. Por conta da intensa procura, os proprietários perceberam que os imóveis não ficam muito tempo sem inquilinos. Isso fez com que o seu valor aumentasse exponencialmente.
Outro fator observado é relacionado a Taxa Selic que está em 13,75% ao ano. Desse modo, o financiamento de imóveis residenciais caiu bastante, com pessoas preferindo alugá-los do que comprá-los. Espera-se que no momento em que a taxa de juros estiver mais baixa, a aquisição dos imóveis residenciais aumente.