Após quatro quedas seguidas, o dólar comercial voltou a subir no Brasil, mas de maneira leve. Ao final da sessão desta terça-feira (19), a moeda norte americana teve alta de 0,35% e fechou o dia cotada a R$ 4,8725.
Na véspera, o dólar havia caído 0,31%, encerrando o pregão cotado a R$ 4,8556, menor patamar em quase três semanas. Contudo, com o avanço registrado hoje, o saldo em setembro ficou um pouco menos negativo. Ainda assim, a moeda segue acumulando queda no mês (-1,57%).
Já em 2023, o dólar tem uma queda bem mais expressiva, de 7,68%. Em resumo, o tombo acumulado neste ano chegou a 11% em julho. No entanto, a divisa fechou o mês de agosto com ganhos de 4,68% e eliminou parte da queda acumulada nos meses anteriores. Já agora em setembro, a moeda segue em campo negativo ante o real.
Nesta semana, os investidores estão atentos aos principais bancos centrais do planeta. Em suma, política monetária de diversas nações afeta diretamente a cotação do dólar, não só no Brasil, mas em vários países.
A saber, o Banco Central (BC) se reuniu nesta terça-feira (19) para definir a taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic. Em síntese, a expectativa dos analistas do mercado financeiro é que haja um corte de 0,50 ponto percentual nos juros, mesma redução promovida no início de agosto.
A decisão só deverá ser anunciada na quarta-feira (20), mas apenas depois das 18h, ou seja, após o fechamento da sessão. Por isso, o que deve impactar a cotação do dólar amanhã será apenas as expectativas, uma vez que a decisão só será anunciada depois do pregão.
Em resumo, a taxa de juros dos países influenciam a entrada de recursos de investidores. Isso acontece porque, quanto maiores os juros, mais enfraquecida tende a ficar a economia do país, uma vez que os juros aumentam o custo de vida, promovendo uma redução do poder de compra do consumidor.
Embora tudo isso possa parecer negativo, os juros elevados funcionam como freio para a inflação. Aliás, os bancos centrais agem para impedir que as taxas inflacionárias subam mais que o definido, e a alta dos juros figura como o principal instrumento para impedir esse avanço.
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor.
Para controlar a taxa inflacionária, os bancos centrais elevam os juros nos países, ação que também reduz o poder de compra do consumidor. Como o crédito fica mais caro, a demanda se enfraquece, desacelerando a economia, e isso ajuda a controlar a inflação, pois, quanto menor a procura, mais baixos os preços tendem a ficar.
Nesta semana, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, também se reuniu para definir a política monetária do país. A decisão deverá ser anunciada na quarta-feira (20), afetando a cotação do dólar ante as demais divisas.
Atualmente, a taxa de juros está no maior patamar em mais de 20 anos, e o Fed não descartou a possibilidade de aumentar ainda mais os juros. Entretanto, os analistas torcem para que a entidade mantenha os juros estáveis, e esse é o consenso geral do mercado.
Na semana passada, o governo norte-americano revelou que a inflação aos consumidores subiu 0,6% nos EUA em agosto, ficando em linha com as estimativas do mercado. Esse dado animou os investidores, já que os juros sobem para conter a taxa inflacionária. Contudo, como a taxa não superou as projeções, os analistas acreditam que o Fed não precisará elevar os juros.
Cabe salientar que, quanto mais altos os juros estiverem, mais enfraquecida fica a economia norte-americana, pois os juros elevados encarecem o crédito e elevam o custo de vida. Como consequência, os consumidores passam a gastar menos, e isso esfria a atividade do país, impactando vários outros países, já que os EUA são a maior economia global.
Por fim, outros países importantes para a economia mundial também irão definir suas políticas monetárias nesta semana. É o caso da China e do Japão, que ocupam a segunda e a terceira posição entre as maiores economias globais.