Há pouco mais de duas semanas, o Brasil registrava um apagão de dimensão nacional que afetou a distribuição de energia em 26 das 27 unidades da federação do país. Agora, uma explicação para o ocorrido parece ter chegado. Ao menos é o que indica o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Segundo o diretor-geral do órgão, Luiz Carlos Ciocchi, o apagão teria sido causado pelo atraso no tempo de resposta de um equipamento em uma usina de energia. Ele deu esta declaração durante uma entrevista com deputados nesta terça-feira (29).
Para Ciocchi, os equipamentos em questão não teriam apresentado o desempenho exigido quando entraram em funcionamento no último dia 15 de agosto. Esta falha teria ocasionado uma série de outras pequenas panes, que acabaram danificando toda a distribuição do Sistema Nacional.
“A grande pista que foi discutida com técnicos, engenheiros e professores do setor é que aí está a causa de uma série de outros pequenos eventos que levaram à desconexão”, declarou em audiência na Câmara dos Deputados.
Este equipamento é um regulador de tensão, que tem a função de manter a constância do fornecimento da energia. A ideia é que ele tenha um tempo de resposta de algo entre 15 e 20 milissegundos, mas na prática ele demorou algo entre 50 e 100 milissegundos.
“Não é que foi falha de informação [prestada pela empresa]. É que o [equipamento] testado, quando em funcionamento, não apresentou o desempenho exigido”, declarou.
Assim como já vinha sendo sinalizado por membros do governo federal, o diretor confirmou que o primeiro evento do apagão teria ocorrido no Ceará. “O chamado evento zero foi uma abertura de linha no Ceará, ligando Quixadá a Fortaleza. Esse desligamento não foi a causa do fenômeno, pois o sistema Brasileiro tem a capacidade de resistir a uma perda simples dessa natureza”, disse.
Como dito, o apagão em questão ocorreu no último dia 15 de agosto, e atingiu 26 das 27 unidades da federação. O único estado que não registrou queda de energia foi Roraima, que não é interligada com o Sistema Nacional de Energia Elétrica.
Já naquele dia, o ONS tinha informado que o desligamento que atingiu as regiões Sul e Sudeste foram feitos de maneira proposital, como uma resposta dos técnicos para entender o que estava ocorrendo na falha que estava sendo registrada na região Norte.
Mesmo por isso, unidades da federação localizadas no Sul e no Sudeste foram as primeiras a ter a energia reestabelecida ainda na manhã do dia 15. Alguns estados do Norte e do Nordeste, no entanto, tiveram registro de mais de 6 horas de espera pelo retorno da energia.
No mesmo dia do apagão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre da Silveira chegou a sinalizar que o problema poderia ter sido ocasionado por uma ação proposital, ou seja, uma sabotagem. Na ocasião, ele chegou a dizer que acionaria órgãos como a Polícia Federal (PF) para apurar o ocorrido.
“Primeiro é que é um sistema altamente sensível, é um sistema que requer planejamento, requer total e completo monitoramento. Tenho absoluta convicção que o ONS [Operador Nacional do Sistema], até por sua característica técnica, não vai ter condição de dizer textualmente se esses eventos foram eminentemente técnicos, ou se houve também falha humana ou até dolo”, explicou Silveira na ocasião.
“Eu estou, por se tratar de um setor altamente sensível, além de determinar as apurações devidas ao ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico], pela Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] e pelas nossas vinculadas, estou oficiando ao Ministério da Justiça para que seja encaminhado à Polícia Federal um pedido de instalação de inquérito policial para que apure com detalhes o que poderia ter ocorrido além de diagnosticar apenas onde ocorreu”, concluiu.