Quem costuma sair de casa para trabalhar, estudar ou fazer qualquer outra atividade certamente já percebeu o aumento da população de rua. Seja nas capitais ou nas cidades médias, o fato é que muitos brasileiros estão tendo que viver desta maneira. Mas o que de fato motivou esta ida para as ruas de parte da população?
O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), em conjunto com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA Brasil), tentou desvendar estas respostas. Eles analisaram a situação específica do Distrito Federal. No levantamento, eles perguntaram quais seriam os motivos que levaram aquelas pessoas a dormirem nas ruas.
A resposta que mais se repetiu foi o desemprego. Dos 34 entrevistados nesta etapa da pesquisa, 7 disseram que precisaram ir para as ruas porque não conseguiram encontrar um emprego. Sem um trabalho, eles não conseguem dinheiro para pagar um aluguel ou para encontrar um lugar digno para viver.
O desemprego no país, no entanto, não foi o único ponto apontado pelos moradores de rua. Parte deles também citou a perda dos pais. Desamparados e sem nenhuma família, órfãos precisam ir morar na rua para tentar sobreviver. Outro dado que também chamou atenção foi o alto número de pessoas que foram viver nas ruas por causa do alcoolismo.
O alcoolismo, aliás, representou um número maior de motivos do que o registrado por pessoas que estão viciadas em drogas ilícitas. Há casos ainda de depressão e de conflitos familiares sérios que fizeram com que estas pessoas tivessem que ir morar na rua para que não tenham mais que conviver com os seus parentes.
Vale lembrar que os moradores em situação de rua também podem fazer parte do Cadúnico do Governo Federal. Esta é a lista do poder executivo que abre portas para o recebimento de benefícios sociais como o Auxílio Brasil e o vale-gás nacional.
Contudo, o Ministério da Cidadania indica que a entrada de pessoas em situação de rua no Cadúnico é importante não apenas pela questão do dinheiro. A ideia é que os municípios usem este acompanhamento para ajudá-los a sair desta situação.
“É importante que o cadastramento das pessoas em situação de rua esteja vinculado à rede de proteção social, de forma a assegurar o atendimento e o acompanhamento social, na perspectiva de construção de vínculos interpessoais e familiares que oportunizem a reinserção social e comunitária e saída das ruas”, diz o relatório do Ministério sobre o tema.
De todo modo, o fato mesmo é que os moradores de rua podem encontrar diversas dificuldades para entrar no Cadúnico. Como a entrada é de responsabilidade dos municípios, muitos deles não conseguem fazer esta busca ativa.
Pesquisa divulgada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que metade dos cidadãos brasileiros que se encontram em situação de rua, não conseguem entrar no Cadúnico do Governo Federal. Os motivos são os mais variados, mas o principal deles é a falta de documentos pessoais como RG e CPF.
Conforme os dados da pesquisa, 3 em cada 10 cidadãos em situação de rua não conseguiam entrar no Cadúnico no início da pandemia em 2020. Em dezembro do ano passado, a situação piorou e agora 5 em cada 10 não conseguem entrar na lista. Neste meio tempo, o número de municípios que faziam o cadastro deste público caiu de 3.433 para 2.055.