O número de estudantes negros com desempenho adequado em Português e Matemática é menor do que o percentual entre alunos brancos, apontando uma desigualdade racial na educação brasileira.
Os dados levantados pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) solicitados pela Fundação Lemann, demonstram que a diferença de performance ocorre mesmo quando são comparados apenas alunos brancos e negros de alto nível socioeconômico.
Para se ter uma ideia, no 5º ano, 74,8% dos alunos brancos de alto nível socioeconômico alcançaram boas notas em Português. Entre os negros com o mesmo nível socioeconômico nem a metade (48,9%) tem desempenho considerado adequado.
Esse resultado é presente em todo o Brasil, mas em alguns estados a diferença é maior, como por exemplo no:
- Amazonas;
- Rio Grande do Norte
- Roraima
A maior parte dos quesitos analisados têm diferenças de desempenho por raça.
Motivos para desigualdade racial na educação brasileira
Entre os motivos que corroboram para essa realidade, estão as desigualdades nas oportunidades e estímulos desde o início da vida escolar e o racismo presente na trajetória de aprendizagem.
Para o diretor-executivo do Iede, Ernesto Faria, a diferença na aprendizagem ocorre apenas na questão socioeconômica.
De acordo com ele, ao ser minoria, o aluno negro sofre um deslocamento em relação aos demais.
Ernesto também afirma: “Diversas situações da escola, desde materiais didáticos a reforços positivos na escola, podem desestimular ou fazer uma criança preta a acreditar menos em si. Por não haver reforço positivo, referências negras, entre outros aspectos”.
Ele também avalia que a ausência de estímulos positivos aos alunos pretos e a baixa expectativa de professores com esses estudantes são fatores que pioram o panorama.
“Professores e gestores escolares que conhecem poucos seus alunos muitas vezes avaliam seus alunos por meio de estereótipos ou até o que chamamos no meio acadêmico de discriminação estatística. Como alunos pretos têm média mais baixa, eles passam a ter uma expectativa mais baixa em relação a um aluno preto”, diz Ernesto.
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