O dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (30) em alta de 0,31%, cotado a R$ 4,8687. O dia ficou marcado pela volatilidade da moeda norte-americana, que oscilou entre os campos positivo e negativo. Ao final do pregão, as incertezas internas acabaram pesando e a divisa subiu ante o real.
Com o acréscimo deste resultado, o dólar reduziu as perdas na semana, para 0,13%, e impulsionou os ganhos em agosto, para 2,96%. No acumulado de 2023, a moeda continua acumulando uma queda firme de 7,75%, que já chegou a superar 11% no mês passado.
Na véspera (29), o Departamento de Trabalho norte-americano revelou que o número de vagas recuou pelo terceiro mês consecutivo, para 8,827 milhões. Esse é o menor patamar desde março de 2021, algo bastante negativo para a maior economia do planeta.
Esse dado isolado seria um grande fator para os investidores buscarem ativos mais seguros, como os títulos norte-americanos. Quando isso acontece, o dólar fica fortalecido devido ao aumento de capital nos EUA. Contudo, na sessão de ontem, os dados mais fracos do mercado de trabalho americano enfraqueceram a divisa.
Nesta quarta-feira (30), os dados continuaram impactando o mercado de câmbio. Na verdade, a queda na criação de vagas nos Estados Unidos pode impedir o Federal Reserve (Fed), banco central americano, de elevar os juros na sua próxima reunião.
Os investidores vêm temendo que a entidade aumente a taxa de juros, que se encontra no maior patamar em mais de duas décadas. Caso isso aconteça, a economia americana poderá crescer ainda menos que o esperado, afetando todo o planeta. Portanto, os dados negativos do mercado de trabalho americano foram vistos como positivos, ao menos no geral.
Na sessão de hoje (30), os dados internos fortaleceram o dólar. Em suma, o cenário político continua prendendo a atenção dos investidores, que aguardam o Governo Federal enviar o Orçamento de 2024 ao Congresso Nacional. O Planalto tem até esta quinta-feira (31) para entregar a documentação.
O governo vem afirmando que irá zerar o déficit público até o ano que vem, mas os analistas estão considerando esse objetivo muito ousado. Na verdade, isso só poderá acontecer se o governo elevar a arrecadação federal, mas, até agora, não há indício de como isso irá acontecer.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, garantiu que o orçamento está equilibrado. Entretanto, outros ministros já defenderam uma mudança na meta do Executivo, sugerindo a elevação do déficit público para até 0,75 do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o jornal Valor Econômico.
Os investidores também repercutiram a divulgação dos dados mais recentes do mercado de trabalho. Em resumo, O Ministério do Trabalho e Previdência informou nesta quarta-feira (30) que o Brasil criou 142,7 mil postos de trabalho formal em julho de 2023. O resultado mostra que o país registrou bem mais admissões que demissões no sétimo mês do governo Lula.
Embora os dados sejam expressivos, a quantidade de vagas formais de emprego geradas em julho deste ano foi 36,6% menor que a observada no mesmo mês de 2022. A propósito, o Brasil havia criado 225 mil empregos em julho do ano passado.
Os dados mais fracos neste ano não estão restritos a julho. Em síntese, o governo Lula vem enfrentando desafios quando o assunto é geração de emprego, registrando resultados inferiores aos observados no mesmo período de 2022.
A saber, o Brasil criou 1,16 milhão de vagas formais de emprego nos sete primeiros meses de 2023, segundo o Ministério do Trabalho e Previdência. O número ficou 27,7% menor que o registrado no mesmo período de 2022 (1,61 milhão). A propósito, os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Nas últimas sessões, os investidores também repercutiram os desafios envolvendo o novo arcabouço fiscal, aprovado na Câmara dos Deputados no último dia 22 de agosto. Ainda há muitas incertezas envolvendo a regra fiscal, apesar do otimismo dos investidores com os impactos positivos que ela poderá proporcionar.
O novo arcabouço fiscal é a principal aposta do governo Lula para equilibrar as contas públicas e diminuir e estabilizar a dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O mecanismo ficará no lugar do teto de gastos, atual regra que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.
Além disso, o mercado repercutiu a medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde da última segunda-feira (28). Em síntese, o documento cria alíquotas de 15% e 20% sobre os rendimentos dos mais ricos. Trata-se da tributação dos fundos exclusivos e o capital aplicado em offshores, cuja tema será votado pelo Congresso Nacional.