O dólar iniciou a semana andando de lado e se manteve praticamente estável no pregão. Em agosto, o cenário internacional ajudou a impulsionar a moeda norte-americana devido às preocupações vindas dos Estados Unidos e da China. O pregão de hoje ficou marcado por notícias positivas e dados preocupantes do exterior.
Em resumo, o dólar encerrou a sessão desta segunda-feira (28) em alta de 0,01%, cotado a R$ 4,8753, praticamente o mesmo valor da última sessão (R$ 4,8750). Com o acréscimo deste resultado, a moeda passou a acumular ganhos de 3,10% em agosto, mas ainda tem uma forte queda de 7,63% em 2023.
A saber, o tombo chegou a superar 11%, mas o dólar recuperou parte das perdas neste mês de agosto devido às preocupações vindas do exterior. Enquanto o primeiro semestre do ano ficou marcado por otimismo global, as últimas semanas evidenciaram os desafios que o mundo ainda terá que enfrentar nos próximos meses.
Na verdade, quando as expectativas internacionais são negativas, os investidores costumam recorrer a ativos mais seguros, deixando os países emergentes de lado, como o Brasil, que não oferecem muita segurança fiscal e monetária como os Estados Unidos.
Nesta segunda-feira (28), os investidores repercutiram o diagnóstico do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA. Em suma, a expectativa é que a entidade não eleve os juros na próxima reunião, e muitos torcem para que o Fed não precise apertar a política monetária nos próximos meses.
Embora esse seja o desejo geral, até porque os juros elevados desaquecem a economia, ainda há riscos de o Fed elevar os juros nos Estados Unidos. Nesse embate entre desejo e possível realidade, o dólar não teve uma variação expressiva e acabou se mantendo praticamente estável no pregão.
Os investidores não ficaram atentos apenas aos Estados Unidos. A segunda maior economia do planeta também entrou no radar dos analistas, que tiveram sentimentos mistos nesta segunda-feira (28).
Do lado positivo, o governo da China promoveu incentivos a investidores, animando o mercado. Em síntese, o governo chinês reduziu pela metade um imposto sobre as negociações de ações, numa clara tentativa de aumentar a confiança dos consumidores e fortalecer o mercado de capitais.
Por outro lado, o setor imobiliário chinês continua preocupando o mercado. A construtora Evergrande voltou a ter ações negociadas na bolsa após uma suspensão de 17 meses. Contudo, o primeiro dia foi terrível para a empresa, que viu suas ações derreterem quase 80% na Bolsa de Hong Kong.
Vale destacar que o setor imobiliário é o mais importante para a China, e a Evergrande já chegou a ser a maior empresa do setor. Contudo, a construtora perdeu quase todo o seu valor de mercado nos últimos anos. A título de comparação, a empresa era avaliada em US$ 50 bilhões em 2017, mas seu valor de mercado chegou a cair para menos de R$ 600 milhões no pregão de hoje.
Na sessão de hoje, os investidores também repercutiram os desafios envolvendo o novo arcabouço fiscal, cuja proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados na última terça-feira (22). Em resumo, ainda há muitas incertezas envolvendo a regra fiscal, apesar do otimismo dos investidores com os impactos que ela poderá proporcionar.
A nova regra fiscal é a principal aposta do governo Lula para equilibrar as contas públicas e diminuir e estabilizar a dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O mecanismo ficará no lugar do teto de gastos, atual regra que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.
O novo arcabouço fiscal autoriza o aumento dos gastos acima da inflação, ou seja, a taxa inflacionária deixa de ser o principal teto para a alta dos gastos públicos. Além disso, a nova regra fiscal também determina que o crescimento dos gastos ficará condicionado ao aumento da arrecadação federal.
O mercado recebeu positivamente a aprovação do arcabouço fiscal, pois a nova regra elimina as chances de explosão da dívida federal, fator que pressiona no aumento dos juros, coisa que os investidores não gostam. Agora, falta apenas a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a regra entrar em vigor no Brasil.
O Ibovespa, indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, fechou a sessão em alta. O indicador subiu 1,11%, a 117.121 pontos. Com isso, reduziu as perdas em agosto para 3,95%, queda considerada pequena para a quantidade de pregões negativos.
A saber, o Ibovespa subiu em apenas quatro das 20 sessões realizadas em agosto, ou seja, caiu em 16 pregões. O resultado é péssimo para o indicador, que chegou a cair por 13 pregões consecutivos, maior sequência de quedas já registrada na história. Contudo, as perdas acumuladas não são tão significativas assim para tantos recuos.
Em 2023, o indicador reserva ganhos de 6,73%, o que evidencia a força do mercado acionário nos primeiros meses deste ano. Aliás, o Ibovespa chegou a acumular alta de mais de 11% entre janeiro e julho, mas o mês de agosto não foi muito positivo para o mercado acionário, que caiu em 80% dos pregões realizados.
Na sessão de hoje, 58 das 85 ações listadas no Ibovespa subiram, evidenciando a disseminação das altas no dia. A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 13 bilhões nesta sessão, valor bem menor que a média diária de agosto, de R$ 17,9 bilhões.