A sessão desta terça-feira (1º) da Bolsa de Valores está marcada pela cautela dos investidores. A cotação do dólar também está refletindo o pessimismo do exterior, após divulgação de dados bastante negativos vindos da China e da Europa.
Por volta das 10h30, o Ibovespa, indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, estava caindo 0,86%, aos 120.983 pontos. Nesse mesmo horário, o dólar estava registrando alta de 1,14%, cotado a R$ 4,778.
Ambos os resultados refletem a cautela do mercado, que espera a divulgação de uma importante decisão do Banco Central. Além disso, o cenário externo também está afetando a cotação do dólar e o desempenho da Bolsa de Valores nesta terça-feira (1º).
Os investidores ficam atentos às informações dos mercados internacionais para decidirem o que fazer com seus ativos. Quando as notícias são positivas, indicando fortalecimento da atividade econômica global, a sessões ficam marcadas pela busca por ativos de risco.
Assim, os investidores passam a alocar seus recursos em países emergentes, que não oferecem tanta segurança quanto os índices dos Estados Unidos e da Europa, por exemplo. Contudo, quando ocorre o contrário, o movimento é o inverso, e eles tentam se proteger, buscando ativos que oferecem maior segurança.
Nesta madrugada, uma notícia preocupante assustou o mercado. Em resumo, o PMI industrial da China, medido pela S&P Global/Caixin, caiu de 50,5 para 49,2 pontos em julho. Dessa forma, a atividade passou para o patamar de contração, uma vez que taxas abaixo de 50 pontos refletem encolhimento da atividade, em relação ao mês anterior.
Cabe salientar que o mesmo indicador também ficou negativo na Europa em julho. A saber, o PMI Industrial da zona do euro caiu de 43,4 para 42,7 pontos em julho, atingindo o menor nível em 38 meses, ou seja, há mais de três anos que o indicador não ficava tão negativo assim.
Além do cenário internacional, a cotação do dólar e o desempenho do Ibovespa também são afetados pelo cenário interno. Nesta terça-feira (1º), os investidores estão atentos à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Em síntese, a expectativa é que a entidade reduza a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 0,25 ponto percentual (p.p.), para 13,50% ao ano. Caso isso realmente se confirme, o corte será o primeiro após um ano de juros em 13,75% ao ano, maior patamar desde novembro de 2016 (14,00% ao ano).
Aliás, o BC começou a elevar os juros em março de 2021, época em que a taxa Selic estava em 2,00% ao ano. O ciclo de altas seguiu até agosto de 2022, chegando a 13,75% ao ano, e se mantendo assim até hoje. No entanto, o Copom deverá anunciar a primeira redução dos juros no país em dois anos.
Alguns analistas acreditam que o corte poderá ser até maior, de 0,50 p.p.. Contudo, a expectativa que prevalece é de uma redução mais tímida, indicando cautela do Banco Central. Na verdade, as últimas decisões da autarquia refletiram o cuidado com a política monetária do país. Por isso que a maioria dos analistas acredita que o corte será mínimo, de apenas 0,25 p.p.
Em 2020, a pandemia da Covid-19 afundou a economia global. Para tentar impulsionar a atividade econômica brasileira, o Copom reduziu a Selic para 2,00% ao ano em agosto daquele ano, mantendo a taxa assim até março de 2021.
A saber, a crise sanitária afetou a cadeia produtiva global de diversos setores, e isso fez os preços de bens e serviços dispararem em 2021 devido a forte demanda. Por isso, o Copom mudou a tática e passou a elevar repetidas vezes a Selic nos dois últimos anos.
Em síntese, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas e manteve a taxa Selic estável. Contudo, os juros não caíram porque o Banco Central não descartava a elevação da taxa inflacionária ao longo do ano. Entretanto, como a inflação está perdendo ainda mais força no Brasil, a expectativa é que o BC promova o primeiro corte dos juros nesta semana.