A partir do próximo ano, trabalhadores de todo o Brasil deverão ser impactados por uma nova regra de reajuste do salário mínimo. O novo sistema será baseado no arcabouço fiscal aprovado ainda em 2023. As mudanças foram indicadas no projeto de pacote de corte de gastos apresentados pelo Ministério da Fazenda.
Na visão da equipe econômica do governo federal, essa medida busca equilibrar o crescimento real do salário mínimo com a responsabilidade fiscal . Contudo, a proposta é polêmica e deve ter impacto no bolso dos trabalhadores brasileiros.
Atualmente, o Plano Nacional de Valorização do salário mínimo prevê que a definição do piso leve em consideração a inflação do ano anterior e o Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.
Hoje, não interessa qual é o tamanho do PIB, ele deve ser repassado por completo para os trabalhadores brasileiros. Imagine, por exemplo, que o crescimento do Produto Interno Bruto seja de 3,2% em um determinado ano. Nesse caso, o aumento do salário precisa ser 3,2% acima da inflação. Não há, portanto, nenhum tipo de limitação nesse sentido.
Com a aprovação do pacote de corte de gastos, o salário mínimo passará a ter um reajuste anual assegurado de, pelo menos, 0,6% acima da inflação, que é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Caso a receita primária do governo apresente um aumento, o reajuste poderá ser maior. Mas será limitado a um teto de 2,5% acima do INPC em relação ao ano anterior. Em resumo, o aumento do salário mínimo poderá ser de algo entre 0,6% e 2,5%.
Como se sabe, existe uma vinculação entre o salário mínimo e as aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A autarquia não pode pagar menos do que o piso.
O corte de gastos não mexe com essa regra. Portanto, todos os aposentados e pensionistas do INSS seguirão recebendo em 2025 pelo menos os valores indicados no salário mínimo.
No projeto de orçamento enviado pelo governo federal ao congresso nacional, está definido que o salário mínimo em 2025 será de R$ 1.502, o que representaria um aumento de quase 7% em relação ao valor de R$ 1412.
Contudo, é importante lembrar que esse valor estimado pelo governo federal foi enviado ao congresso nacional ainda no último mês de agosto. De lá até aqui a composição da inflação foi elevada, o que deve gerar uma série de mudanças para o salário mínimo.
Como a projeção da inflação aumentou, a projeção do salário mínimo também deve aumentar. Agora, a expectativa é de que o piso para o próximo ano seja de R$ 1.518 já considerando as regras indicadas no pacote de corte de gastos.
Com base em todas as novas regras aprovadas pelo congresso nacional no decorrer dessa semana, é possível afirmar que todos os trabalhadores que recebem um salário mínimo por mês deverão ter aumento real no próximo ano.
O que se discutiu no Congresso Nacional não foi o fim do aumento real do salário mínimo, mas o tamanho desse aumento real. No final das contas, ficou decidido que essa elevação será menor do que a prevista inicialmente.
Seja como for, é importante destacar que alguns analistas argumentam que o estabelecimento do teto de 2,5% pode limitar o crescimento do poder de compra dos trabalhadores brasileiros, o que pode ter impacto negativo na economia como um todo.
Esses mesmos críticos também argumentam que um controle mais rigoroso do crescimento do salário mínimo também teria potencial de reduzir o impacto positivo no consumo e no crescimento econômico do país.