Nesta quarta-feira, 20 de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), se reúne em Brasília para tomar uma decisão crucial para a economia brasileira: definir a taxa básica de juros, a Selic.
Nesta sexta reunião de 2023, a expectativa é que o órgão realize um corte na taxa, reduzindo-a dos atuais 13,25% ao ano para 12,75% ao ano. Em suma, este corte representa a continuação de uma tendência que começou em agosto, quando a autoridade monetária interrompeu o ciclo de aperto monetário devido à notável queda da inflação nos últimos meses.
Na ata da última reunião, os membros do Copom já indicavam a possibilidade de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões.
Conforme destacado no documento, a avaliação do órgão é que esse ritmo de redução é apropriado para manter uma política monetária contracionista, ou seja, juros que desencorajam o consumo, o que é necessário para controlar a inflação.
A edição mais recente do Boletim Focus, uma pesquisa semanal que consulta analistas de mercado, confirma a expectativa de um corte de 0,5 ponto percentual na Selic.
Entretanto, algumas instituições financeiras projetam uma redução ainda mais expressiva, chegando a 0,75 ponto. De acordo com o mercado financeiro, a previsão é que a Selic termine o ano em 11,75% ao ano.
A questão da inflação tem sido central nas deliberações do Copom. Na ata da última reunião, o órgão ressaltou que a evolução do cenário econômico e a significativa queda da inflação permitiram acumular confiança para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária.
Contudo, após uma série de comunicados iniciais mais duros no ano, que não descartavam a possibilidade de elevar a Taxa Selic, o Copom mudou seu tom devido à mudança no comportamento dos preços.
Desse modo, mesmo com a diminuição da inflação, o Copom reconheceu que alguns preços ainda se mantêm elevados ou caem menos do que o esperado. Nesse sentido, a autoridade monetária pretende reduzir os juros de maneira cautelosa.
Com a forte desaceleração nos índices de preços nos últimos meses, as expectativas de inflação vêm diminuindo. De acordo com o Boletim Focus, a estimativa de inflação para este ano passou de 4,93% para 4,86%.
Dessa forma, a meta de inflação que o Banco Central deve perseguir, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,25% para este ano, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, o limite inferior é de 1,75%, enquanto o superior é de 4,75%. Para os anos de 2024 e 2025, as metas são de 3% com o mesmo intervalo de tolerância.
Em resumo, no último Relatório de Inflação, divulgado no final de junho pelo Banco Central, a estimativa era de um leve estouro da meta de inflação neste ano, com o IPCA chegando a 5%. Assim, o próximo relatório, previsto para o final de setembro, deve trazer atualizações importantes sobre esse cenário.
A taxa básica de juros, conhecida como Selic, desempenha um papel fundamental nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).
Além disso, ela serve como referência para as demais taxas da economia. Desse modo, o Banco Central utiliza a Selic como seu principal instrumento para controlar a inflação.
Diariamente, o Banco Central realiza operações de mercado aberto, comprando e vendendo títulos públicos federais, para manter a taxa de juros próxima do valor determinado nas reuniões do Copom.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.