O consumo nos lares brasileiros cresceu 1,44% no primeiro bimestre de 2023, na comparação com o mesmo período do ano passado. Isso quer dizer que as famílias do país aumentaram o volume de compras no início deste ano, apesar de todas as dificuldades observadas no país.
O resultado ficou positivo, em grande parte, graças a janeiro. Na verdade, o consumo encolheu 2% em fevereiro, na comparação mensal, e isso aconteceu por causa do menor número de dias do mês. Por outro lado, os dados de fevereiro cresceram 0,95% em relação ao mesmo mês de 2022.
Os dados fazem parte do Índice Nacional de Consumo dos Lares Brasileiros da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em síntese, o levantamento da Abras contempla os seguintes formatos de loja:
Os indicadores da Abras descontam a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
Em fevereiro de 2023, o indicador subiu 0,84%, após alta de 0,53% no mês anterior. Em outras palavras, os consumidores do país tiveram que pagar um pouco mais caro, uma vez que o termo inflação se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços.
No mês passado, o que mais impulsionou a inflação no país foi o grupo educação, que recebeu grande influência dos cursos regulares, cujos preços saltaram 7,58% no país. A saber, o mês é marcado por variações mais intensas do grupo educação, visto que os reajustes em mensalidades e matrículas ocorrem no início dos anos letivos.
Já em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, variou 0,69%, após alta de 0,76% em fevereiro. No mês, o grupo transportes exerceu o maior impacto no indicador, impulsionado pela gasolina, cujos preços subiram 5,76%.
Em suma, o governo federal retomou a cobrança do PIS/Cofins sobre a gasolina e o etanol no país no início deste mês. Assim, a inflação acabou se fortalecendo e pesou de maneira mais intensa no orçamento das famílias. Contudo, mesmo com o aumento dos preços, o consumo dos brasileiros cresceu no início de 2023.
A Abras revelou que o principal motivo para o resultado expressivo do consumo no país no primeiro bimestre deste ano foi o pagamento de benefícios sociais. Em síntese, a manutenção do valor de R$ 600 do Bolsa Família e o pagamento do vale-gás foram bastante positivos para o consumo no país.
Vale destacar que o governo federal iniciou o pagamento do adicional de R$ 150 para cada criança que tenha até seis anos de idade a partir deste mês. Isso também deverá elevar o consumo no país em março, dado que ainda será levantado e disponibilizado pela Abras.
Além disso, a inflação também exerceu menos pressão sobre o rendimento das famílias, quando comparada a 2022. Isso porque os grupos que mais pressionaram a taxa inflacionária não se relacionavam com a alimentação e os itens comercializados em supermercados.
Outro fator que também contribuiu para o aumento do consumo nos lares brasileiros foi o reajuste de 7,42% do salário mínimo para mais de 60 milhões de pessoas. Aliás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que promoverá um novo reajuste no piso nacional a partir de maio, com o salário mínimo passando de R$ 1.302 para R$ 1.320.
O governo federal também liberou o resgate do PIS/Pasep, de fevereiro a dezembro deste ano. Com isso, os trabalhadores do país tiveram mais recursos para aumentarem o consumo no país.
“Outros recursos anunciados ou em análise pelo governo federal tendem a ser direcionados para o consumo de alimentos, como a revisão e ampliação das bolsas da área da educação, o reajuste dos servidores civis do Poder Executivo e o novo reajuste do salário mínimo a partir de 1º de maio. Para 2023, deve haver, inicialmente, um crescimento de 2,5% do consumo nos lares”, disse a Abras.
De acordo com a Abras, o valor da cesta de 35 produtos de largo consumo passou de R$ 754,98 em janeiro para R$ 752,04 em fevereiro. Esse recuo de 0,39% foi bastante leve, mas já se mostra mais positivo do que qualquer alta de preços.
No primeiro bimestre de 2023, os itens que acumularam as maiores quedas em seus preços foram cebola (-31,82%) e tomate (-6,30%). Em contrapartida, os seguintes itens tiveram as maiores altas percentuais no período: leite longa vida (4,31%), ovos (2,55%), sabão em pó (2,55%) e queijos prato e muçarela (1,75%).