De acordo com o estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Ibre), o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de junho, teve um crescimento de 3,5 pontos, em relação a maio, chegando a 79 pontos. Na média trimestral ele subiu 1,4 pontos, atingindo 77,7, apontando um aumento no consumo dos brasileiros.
De acordo com a economista da Fundação, Viviane Seda Bittencourt, esse crescimento no consumo do brasileiro não quer dizer que há uma recuperação econômica sustentável no país.
Para ela, a alta foi causada por uma maior renda da população relativa ao recebimento de valores como o saque do FGTS e pela antecipação do 13º salário para pensionistas e aposentados.
Viviane afirma que o cenário não deve se repetir em julho. Ela aponta que, a longo prazo, a alta da inflação e a redução orçamentária das famílias de baixa renda, devem afetar o ICC. Além disso, o índice da confiança da população mais pobre continua apresentando números menos favoráveis.
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Dois subindicadores do ICC também apresentaram números positivos. O Índice de Situação Atual (ISA) subiu 1,3 pontos, chegando a 70,4 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE) teve um aumento de 4,9 pontos, indo para 85,9 pontos no total.
Um dos fatores que causou a alta total do Índice de consumo foram as expectativas de que a economia melhore nos próximos seis meses. Este indicador aumentou 6,5 pontos, indo para 103 pontos, o maior valor desde dezembro de 2021.
Já o indicador que verifica a situação financeira familiar nos próximos meses, subiu 4,5 pontos, indo para 85,8 pontos, um aumento de 47% em relação a maio, período no qual houve uma queda expressiva.
Em relação à intenção do consumidor à intenção de compras de bens duráveis, houve uma melhora. O índice subiu 3,1 pontos, chegando a 70,6 pontos. Mesmo assim, ele continua abaixo da situação econômica de antes da pandemia.
O ICC também apontou que houve um avanço na satisfação dos consumidores sobre o atual momento. A percepção sobre a situação da economia teve uma alta de 0,5 pontos, chegando a 76,7.O resultado é positivo, foi o maior desde agosto de 2021.
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Segundo Viviane Bitencourt, os consumidores com uma renda mais alta foram os que mais perceberam a melhora na sua situação financeira. Foi o segundo mês seguido no qual eles elevaram a sua condição de compra.
Ainda de acordo com a economista, a disparidade no índice de confiança entre a população com maior e menor renda, também se apresentou em relação à perspectiva de emprego. Para as famílias mais pobres, o índice se manteve neutro, enquanto que nas de maior renda, chegou aos 100 pontos.
Viviane Bitencourt afirma que estas diferenças entre as duas classes devem continuar nos próximos meses, principalmente pelo fato de que as eleições estão chegando, o que pode enfatizar ainda mais a desigualdade.
Ao observar o cenário financeiro de acordo com a renda, o ICC aponta que o orçamento familiar apresenta uma queda em famílias com ganhos de até R$2.100. Em maio era de 67,2 pontos e passou para 59 pontos em junho.J á para famílias de maior renda, com ganhos acima de R$9.600, houve um aumento em relação ao mês passado, foi de 68,9 pontos, para 70,9 pontos.
A economista afirma que a alta no ICC não é sustentável, pois a alta da inflação e dos juros, pode frear o consumo dos brasileiros. A previsão para a inflação anual é de 12,4%, o que pode frear a economia. Para ela, o índice dos preços não deve baixar tão cedo, pressionando ainda mais o bolso das famílias de baixa renda.
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O governo vem tentando baixar os índices inflacionários, principalmente relativos à alimentos, combustíveis e energia. Além disso, vem criando programas assistenciais em busca de um alívio para a população mais carente.
No entanto, o cenário não é promissor, além de problemas domésticos, o cenário internacional aponta para uma diminuição do crescimento econômico em todo o mundo. O consumo deve cair. O PIB deste ano deve crescer 0,8%, frente a uma grande alta da inflação.