O consumo nos lares brasileiros cresceu 2,33% nos cinco primeiros meses de 2023, em comparação ao mesmo período do ano passado. Isso quer dizer que as famílias do país aumentaram o volume de compras em supermercados no início deste ano, apesar das dificuldades enfrentadas no Brasil, como inflação e juros elevados.
Ao considerar apenas maio, mês dos dados mais recentes do levantamento, o consumo encolheu 0,95% em relação a abril. Em resumo, isso aconteceu devido à Páscoa, que aumentou o volume do consumo no país em abril.
Por outro lado, na comparação com maio de 2022, o consumo das famílias do país teve um forte crescimento de 7,25%. Em outras palavras, os brasileiros aumentaram o volume de itens comprados em supermercados e afins neste ano.
A saber, os dados fazem parte do Índice Nacional de Consumo dos Lares Brasileiros da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em síntese, o levantamento da Abras contempla os seguintes formatos de loja:
- Atacarejo;
- Supermercado convencional;
- Loja de vizinhança;
- Hipermercado;
- Minimercado;
- E-commerce.
Cabe salientar que os indicadores da Abras descontam a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Aliás, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
Inflação desacelera em abril
Em abril de 2023, o IPCA subiu 0,23%, após alta de 0,61% no mês anterior. Esse resultado mostra que os consumidores do país tiveram que pagar um pouco mais caro em maio, uma vez que o termo inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços.
Contudo, vale ressaltar a desaceleração da inflação no país. Na verdade, a taxa inflacionária vem perdendo força nos últimos meses e pode cair para o campo negativo caso mantenha essa trajetória por mais tempo.
Segundo o IBGE, o que mais puxou a inflação para baixo no país foi o grupo de transportes, cuja taxa caiu 0,57% em maio, impactando o IPCA em -0,12 ponto percentual. Os itens deste grupo que exerceram as maiores influências negativas foram passagens aéreas (-17,73%), óleo diesel (-5,96%), da gasolina (-1,93%) e do gás veicular (-1,01%).
Além disso, o grupo alimentação e bebidas registrou uma forte desaceleração nos preços, que passaram de 0,71% em abril para 0,16% em maio. Em suma, o grupo tem o maior peso no IPCA, e o seu resultado acaba influenciando e maneira mais intensa a média nacional.
Vale destacar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, variou apenas 0,04% em junho, após alta de 0,51% em maio. Caso o IPCA, que divulga a variação consolidada da inflação, siga essa trajetória, os preços dos produtos não deve ter subido muito em junho, aliviando o bolso dos brasileiros.
Novo reajuste do salário mínimo impulsiona consumo
Já em maio, alguns fatores foram responsáveis pelo aumento do consumo nos lares do país. De acordo com o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, a desaceleração da inflação incentivou as pessoas a aumentarem o consumo nos supermercados do país.
Ao mesmo tempo, o novo reajuste do salário mínimo, que passou a vigorar no país em maio, e o pagamento de benefícios sociais impulsionaram o volume de consumo das famílias do Brasil.
Para quem não lembra, o salário mínimo subiu em maio de R$ 1.302 para R$ 1.320, ou seja, o piso salarial nacional teve mais um aumento de 1,8% em 2023, após a alta de 7,4% promovida no início deste ano, em relação ao salário mínimo de 2022, de R$ 1.212.
Com o novo aumento, o salário mínimo para 2023 acumulou um reajuste de 8,9% em comparação com o ano passado. Inclusive, ambas as elevações representam um ganho real para o trabalhador, pois superaram a inflação acumulada no país em 2022, de 5,92%.
Benefícios turbinados pelo Governo Federal
Em maio, o pagamento do Bolsa Família ajudou a elevar o consumo nos supermercados do país. Em resumo, o benefício turbinado em 2023 tem funcionado como um dos principais fatores para o aumento da renda de milhões de famílias, que se veem possibilitadas de elevarem o consumo de produtos e serviços.
O governo Lula iniciou em março deste ano o pagamento adicional de R$ 150 para cada criança com até seis anos de idade, fato que contribuiu com o aumento do consumo no país nos últimos meses.
A expectativa é que os dados de junho fiquem ainda mais positivos graças ao pagamento de novos benefícios adicionais ao Bolsa Família. Isso quer dizer que o consumo nos lares do país deve continuar se beneficiando com as ações do governo.
Veja abaixo alguns fatores que estão contribuindo com a melhora do consumo no país:
- Continuidade dos resgates dos recursos do PIS/PASEP;
- Pagamento de precatórios do INSS;
- Manutenção dos programas de transferência de renda do governo federal (Bolsa Família e Primeira Infância);
- Implantação do Benefício Variável para crianças, adolescentes e gestantes;
- Pagamento do Auxílio Gás.