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Como conseguir atendimento psicológico gratuito?

Quando falamos em Saúde e Segurança do Trabalho, o que vem à nossa mente são os acidentes e as doenças de natureza física, que podem acontecer no ambiente laboral. Nos últimos anos, porém, as estatísticas apontam que os transtornos emocionais figuram entre as principais causas de afastamento no Brasil. 

Após a pandemia da Covid-19 o cenário da saúde mental dos trabalhadores ficou ainda mais preocupante. Como informa o site do TST (Tribunal Superior do Trabalho), em 2020, a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez decorrente de transtornos mentais e comportamentais bateu recordes.

Segundo estudos, as principais causas das aflições emocionais dos trabalhadores são:

  • inadaptação ao home office;
  • acúmulo de tarefas profissionais e domésticas;
  • baixa remuneração;
  • incertezas sobre o futuro profissional;
  • assedio moral;
  • pressão por resultados impossíveis, entre outros.

Algumas empresas dispõem de profissionais que fornecem o tratamento psicológico gratuito aos funcionários, seja como uma politica interna, ou através de convenio ou plano de saúde. Infelizmente, elas são a minoria, e boa parte da população não tem como pagar por um tratamento psicológico.

Tão importante quanto o tratamento dos males físicos, a saúde mental deve ter prioridade no cuidado com nós mesmos.

Siga na leitura e conheça a Rede de Atenção Psicossocial do SUS, e saiba como acessar os serviços de atendimento psicológico e psiquiátrico gratuitos pela rede pública.

Fique por dentro também das organizações privadas e voluntarias que atuam gratuitamente na promoção da saúde mental.

Não sofra sozinho!

Atendimento psicológico gratuito na UBS (Unidade Básica de Saúde)

Por regra, o atendimento de saúde mental gratuito inicia com a pessoa indo até a UBS de seu bairro.

Primeiro, é preciso marcar uma consulta com o clínico geral. No dia da consulta, converse com o médico e diga como está se sentindo, e o motivo de precisar de atendimento psicológico.

Caso haja psicólogo disponível na UBS, será agendada a consulta. No entanto, por causa da alta procura e do baixo número de profissionais, o tempo de espera pela consulta pode ser longo. 

Caso o próprio clínico ou o psicólogo identifiquem que o seu quadro mental é considerado moderado ou grave, ele pode realizar o encaminhamento para uma unidade do CAPS.

Conhecendo a Rede de Atenção Psicossocial do SUS (RAPS)

O SUS conta com uma estrutura voltada exclusivamente para a Atenção Psicossocial, a RAPS. Ali, o objetivo é de que a pessoa com transtornos mentais (incluindo o abuso de substâncias psicoativas) receba um tratamento humanizado seja incentivada a criar vínculos com a sua comunidade.

A RAPS é dividida em seis eixos principais: 

  • Atenção Primária à Saúde: Unidades Básicas de Saúde (UBS), consultórios de rua, centros de convivência e cultura;
  • Atenção Especializada: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes modalidades;
  • Atenção às Urgências e Emergências: SAMU 192, sala de Estabilização, UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à urgência/pronto-socorro;
  • Atenção Residencial de Caráter Transitório: Unidade de Acolhimento, serviço de Atenção em Regime Residencial;
  • Atenção Hospitalar: Enfermaria especializada em hospital geral, Serviço Hospitalar de Referência (SHR) para atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas;
  • Estratégias de Desinstitucionalização e Reabilitação: Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) e Programa de Volta para Casa (PVC).

Você pode localizar a unidade da RAPS mais próxima de você neste mapa aqui.

Atendimento psicológico gratuito no CAPS

Outra possibilidade é comparecer diretamente no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), nos dias e horários reservados para triagem de novos pacientes.  

Os CAPS atuam com uma rede multidisciplinar de profissionais, contando com psicólogos, médicos psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais e terapeutas. Tudo isso para cuidar da saúde mental do paciente de maneira integral.

Os CAPS são divididos em subtipos:

  • CAPS I e II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas. Nesses CAPS, não há estrutura para acolhimento noturno/estadia.
  • CAPS III: Conta com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação. Atende a todas as faixas etárias; transtornos mentais graves e persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas.
  • CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas.
  • CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas.
  • CAPS ad III Álcool e Drogas: Funciona 24h e disponibiliza de 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e observação. Atende a todas faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas.

Uma vez no acolhimento do CAPS, você terá a oportunidade de conversar com um profissional que irá acompanhá-lo de perto durante todo o seu tratamento. Ele irá repassar todas as próximas etapas do tratamento e agendar o seu retorno.  

Assim, ele terá condições de verificar se há indicação de acompanhamento psiquiátrico, e possivelmente, introduzir medicação.

Atendimento psicológico gratuito nas Clínicas-Escola

Como o estágio é obrigatório para os cursos de psicologia e psiquiatria, é comum que as faculdades tenham uma agenda para atendimento gratuito. 

Nesse caso, a dinâmica é um pouco diferente. Você deve realizar o seu cadastro diretamente nas instituições de ensino.

Depois, é preciso aguardar o contato da clínica para passar pela triagem, na qual o profissional irá avaliar o seu caso. 

Na maioria das vezes, o atendimento será feito por estudantes. Mas não tenha medo, eles estarão sempre amparados por professores já formados e especializados. 

ONGs e demais instituições

Além do atendimento pela rede pública e universitária, é possível recorrer a algumas organizações não governamentais (ONGs) que realizam atendimento psicológico e psiquiátrico gratuito. 

Em uma busca na internet, você consegue verificar se em sua cidade existe alguma organização oferecendo este tipo de voluntariado.

O CVV (Centro de Valorização da Vida) é formado por voluntários e promove o apoio emocional e a prevenção do suicídio. Algumas cidades contam com pontos físicos do grupo, onde são realizados encontros e debatem sobre saúde mental. 

O CVV conta com um chat no próprio site, e também é possível ligar através do 188. A ligação é gratuita e o serviço está disponível 24 horas por dia. 

Para saber se há alguma unidade na sua cidade, clique aqui

Se não encontrar atendimento presencial perto de você, considere a terapia on-line, feita através de videoconferência.