Gasolina vai subir! Gasolina vai cair! Certamente você já ouviu estas duas manchetes desde o início do ano em várias ocasiões. Por ações do Governo Federal ou não, o fato é que o preço deste combustível já subiu e já caiu em diversos momentos nos últimos meses. Mas afinal, qual é o saldo até aqui? No geral, está mais caro abastecer no Brasil?
A resposta é sim. Para os motoristas de todo o país, a situação está mais complexa agora do que aquela que vimos no final do ano passado. De acordo com dados oficiais da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o preço médio do litro da gasolina em dezembro do ano passado era de R$ 4,30, foi a última medição feita ainda durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Agora em junho, com a mudança no sistema de cobrança do ICMS pelos estados, a avaliação de especialistas é de que o preço médio do litro da gasolina seja elevado para um patamar de R$ 4,67. Estamos falando de um aumento de 8,6% em relação ao que se registrava em dezembro do ano passado, quando o país ainda era comandado por Bolsonaro.
Este patamar de aumento de 8,6% representa mais do que o dobro da inflação acumulada até maio deste ano, que fechou em 3,12%, tomando como base o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Há várias razões para entender este aumento. O principal deles é a questão da reoneração dos combustíveis. Às vésperas das eleições presidenciais do ano passado, Bolsonaro decidiu desonerar, ou seja, retirar cobranças de impostos sobre combustíveis como gasolina, etanol e diesel.
A medida fez naturalmente com que os preços destes itens caíssem em todo o Brasil. Em janeiro, quando assumiu o poder, o presidente Lula manteve a desoneração total por dois meses. Contudo, já a partir de março, o governo passou a reonerar o combustível, ainda que de forma parcial.
Uma segunda rodada de reoneração está sendo esperada para o próximo mês de julho. Na pratica, isso indica que os motoristas de todo o país ainda precisam se preparar para novos aumentos nos preços da gasolina no decorrer dos próximos meses. O Diesel, por outro lado, segue desonerado até o final deste ano.
O Governo Federal vem tentando responder aos recentes aumentos com algumas medidas polêmicas. Em maio, por exemplo, a Petrobras decidiu acabar com o sistema de Política de Paridade Internacional (PPI). O sistema ligava a definição dos preços dos combustíveis no Brasil aos preços internacionais do barril de petróleo.
“Os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”, disse a estatal na ocasião.
A expectativa é de que o fim do sistema do PPI faça com que o Brasil não tenha que seguir elevando os valores dos seus combustíveis sempre que houver uma forte variação nos preços internacionais.
Também é provável que a Petrobras aplique mais uma redução nos preços dos combustíveis a partir do próximo mês de julho. Segundo o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) a ideia é justamente fazer com que esta nova redução compense a nova rodada de reoneração.
“Com o aumento (de tributos) previsto para 1º de julho, vai ser absorvido pela queda do preço deixada para esse dia. Nós não baixamos tudo o que podíamos. Justamente esperando o 1º de julho, quando acaba o imposto de exportação e acaba o ciclo de reoneração”, declarou o ministro da Fazenda.
A Petrobras, por sua vez, ainda não confirma oficialmente a redução dos preços para o mês de julho.