A cesta básica ficou mais cara em todas as 17 capitais pesquisadas pelo Dieese em 2022. Os brasileiros que foram aos supermercados ao longo do ano puderam ter uma noção do aumento dos preços.
Se, em janeiro de 2022, uma pessoa conseguiu comprar dez itens com um valor específico, em dezembro isso não se mostrou mais ser possível com essa mesma quantia. Em síntese, a inflação no país cresceu de maneira firme no ano passado, pressionando a renda dos brasileiros e elevando o custo de vida no país.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor da cesta básica teve forte alta no país. A título de comparação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, subiu 5,79% no ano passado. No entanto, todas as 17 capitais pesquisadas tiveram variações superiores a esse percentual.
Aliás, veja abaixo a variação em cada uma das capitais pesquisadas:
Após o acréscimo destas variações, a cesta básica de São Paulo figurou como a mais cara do país em 2022. A saber, os moradores da capital paulista tiveram que desembolsar R$ 791,29 em dezembro do ano passado para adquirir uma cesta básica em São Paulo.
Esse valor correspondeu a 70,58% do salário mínimo vigente em 2022 (R$ 1.212). Em outras palavras, o trabalhador do país que recebia o piso nacional no ano passado gastou a maior parte da sua renda para adquirir uma cesta básica. E, com isso, teve reduzir as suas despesas ao que sobrou do seu salário.
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em 2022. Além disso, a entidade também revelou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no ano passado, que foi a de São Paulo.
Nesse caso, o piso salarial nacional deveria ter sido de R$ 6.647,63 em dezembro, valor 5,48 vezes maior que o salário mínimo vigente à época. Em dezembro de 2021, o mínimo necessário foi de R$ 5.800,98, valor 5,7 vezes superior ao piso que vigorava à época (R$ 1.100).
A pesquisa também mostrou que o tempo médio que um trabalhador necessário para que um trabalhador de São Paulo adquirisse produtos da cesta básica foi de 143 horas e 38 minutos em dezembro. A saber, a média geral também ficou muito elevada, mas não tanto quanto a de São Paulo, chegando a 122 horas e 32 minutos em dezembro.
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
O levantamento se baseou na cesta básica de São Paulo, a mais cara do país, para definir o salário mínimo ideal. Contudo, o Dieese também revelou os valores nas demais capitais pesquisadas. E houve locais com valores bem menores que o de São Paulo.
Confira abaixo o valor da cesta básica em todos os locais pesquisados:
No caso de Aracaju, que teve a cesta básica mais barata do país em 2022, o valor dos alimentos básicos comprometeriam 46,48% do salário mínimo, taxa bem menor que a de São Paulo. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
A saber, quem mora em Aracaju precisou trabalhar 94 horas e 35 minutos em dezembro de 2022 para adquirir uma cesta básica. Em São Paulo, a pessoa precisou trabalhar quase 40 horas a mais para comprar essa mesma cesta básica.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, fator utilizado pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, o necessário para os brasileiros seria de R$ 4.329,71, valor 34,8% menor que o mínimo ideal quando a cesta de São Paulo foi considerada.