Parlamentares do chamado Centrão não deverão se opor ao projeto que pretende manter o valor do Auxílio Brasil na casa dos R$ 600. Ao menos é o que apontam as informações de bastidores colhidas pelo jornalista Gerson Camarotti, da emissora Globo News. Segundo as informações da coluna, políticos desta ala afirmam que seria insustentável votar contra esta mudança.
“Se aprovamos a PEC eleitoral para aumentar o benefício para esse ano, não há condições políticas para tirar esse valor em 2023. Ficaria muito ruim até mesmo para o presidente Bolsonaro, que prometeu a manutenção de R$ 600 para o Auxílio”, disse ao um dos líderes do Centrão para o blog do jornalista Gerson Camarotti ainda nesta sexta-feira (4).
A proposta do candidato eleito Lula (PT) é manter o valor do Auxílio Brasil na casa dos R$ 600 no próximo ano. Hoje, os usuários já recebem este patamar mínimo, mas a indicação oficial é que este saldo só será mantido até o final deste ano. Para mudar esta lógica, o novo governo terá que aprovar medidas para mexer no plano de orçamento.
É neste contexto que o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) apresentou uma proposta de criação da PEC da Transição. Entre outros pontos, o texto liberaria dinheiro para que Lula pudesse gastar sem se preocupar com o teto de gastos públicos. Assim, ele encontraria espaço para bancar o Auxílio Brasil de R$ 600, bem como o adicional de R$ 150 por filhos menores de seis anos.
Este é o texto que o Centrão vem avaliando internamente que será preciso aprovar. Em entrevista nesta semana, a presidente do PT Gleisi Hoffmann disse que está confiante na aprovação do texto no Congresso Nacional.
“Temos que ver todas as possibilidades que nós temos para viabilizar aquilo que foi contratado nas urnas, que é importante, ou seja, nós não podemos entrar 2023 sem o Auxílio Emergencial (Brasil), sem o aumento real do salário mínimo. São coisas que foram contratadas com o povo brasileiro”, disse Hoffmann.
“Tenho certeza que o Congresso tem essa sensibilidade e o Tribunal de Contas também. Estamos analisando todas as oportunidades para entregar ao povo brasileiro aquilo que foi contratado com ele no processo eleitoral”, completou a deputada.
Durante a campanha presidencial, Lula prometeu manter o valor do Auxílio Brasil na casa dos R$ 600. Além disso, ele indicou os pagamentos mensais de R$ 150 por filhos menores de idade. A expectativa geral aqui é que o Congresso Nacional não crie polêmicas e aprove os dois pontos. Ao menos um deles foi prometido também pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) na campanha.
Lula também prometeu elevar o salário mínimo para além da inflação, o que demandaria uma elevação real, e consequentemente mais pressão sobre o orçamento. A avaliação interna é de que este ponto poderá encontrar mais resistência entre os parlamentares, sobretudo os que ainda estão mais próximos do presidente Jair Bolsonaro.
O governo do presidente eleito Lula tem ainda mais um problema: a falta de tempo. Oficialmente, eles precisam aprovar estas medidas até o dia 15 de dezembro, quando se conclui o ano legislativo. Deixar a votação para 2023 não é uma opção considerando que neste caso, o Auxílio Brasil e o salário já começariam defasados no próximo ano.