A recente divulgação de planos por parte do Banco Central para limitar o parcelamento sem juros no cartão de crédito a um máximo de 12 vezes tem gerado inquietação entre os comerciantes em todo o Brasil. Os dados são de um levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva.
Segundo os resultados da pesquisa, sete em cada dez comerciantes expressam preocupações sobre as possíveis repercussões da limitação proposta pelo Banco Central. Com um percentual de 72%, a maioria dos entrevistados indicou que esperam enfrentar queda nas vendas se a nova regra de parcelamento for implementada.
O estudo, que abrangeu comerciantes de diversas regiões do país, tanto do setor formal quanto informal, teve como critério de inclusão negócios com faturamentos de até R$ 5 milhões. A pesquisa visa capturar a perspectiva e o impacto potencial dessa medida regulatória sobre empreendedores e comerciantes em todo o Brasil.
A pesquisa indica que 77% do público entrevistado considera que suas compras seriam reduzidas caso a quantidade de parcelas sem juros fosse restrita. O parcelamento sem juros tem sido uma prática amplamente adotada no comércio brasileiro, permitindo que os consumidores distribuam os pagamentos ao longo de vários meses.
O levantamento aponta a forte relação entre o parcelamento sem juros e o volume de compras dos consumidores. Com a possibilidade de distribuir os pagamentos, os consumidores se sentem mais incentivados a realizar compras, uma vez que o peso mensal no orçamento é reduzido.
Desse modo, a perspectiva de uma limitação no parcelamento do cartão de crédito preocupa a maioria dos entrevistados, que acreditam que um aumento no valor das parcelas sem juros poderia afetar negativamente seu poder de compra. O desafio que se apresenta, entretanto, é encontrar um equilíbrio entre as preocupações dos consumidores e a necessidade de políticas regulatórias pelo Banco Central.
O presidente do Banco Central (BC), Campos Neto, anunciou uma proposta em estudo que visa limitar a 12 parcelas as compras sem juros realizadas com cartão de crédito. A medida surge em meio a esforços para conter o endividamento e reduzir os juros no rotativo do cartão de crédito.
A proposta, ainda em fase de análise, tem como objetivo principal avaliar o impacto que a limitação das parcelas sem juros poderia ter sobre a redução das taxas de juros no rotativo do cartão de crédito. O BC pretende conduzir simulações detalhadas para apresentar ao setor financeiro e ao público em geral os possíveis efeitos dessa medida.
É importante destacar que, recentemente, o Congresso aprovou um projeto de lei que estabelece um teto para as taxas de juros no rotativo do cartão de crédito. De acordo com o projeto, os bancos não poderão cobrar mais do que o dobro do valor da dívida inicial, ou seja, 100% de juros. Esse projeto foi uma resposta às preocupações crescentes em relação ao alto endividamento e às taxas de juros excessivamente elevadas no uso do rotativo do cartão.
No entanto, o projeto aprovado pelo Congresso estabelece que esse limite somente entrará em vigor se o setor financeiro não apresentar, até o final do ano, uma proposta alternativa para a taxa de juros no rotativo do cartão de crédito. Sendo assim, os consumidores devem acompanhar as alterações divulgadas pelo Banco Central.