Carta de Pero Vaz de Caminha: análise de questão de vestibular
A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento escrito pelo português Pero Vaz de Caminha, que atuou como funcionário na corte do século XVI.
Devido à sua importância, a carta é cobrada com muita frequência pelas principais provas do país, com um destaque para os vestibulares.
Assim, para que você consiga descobrir como o assunto pode ser cobrado no seu exame, o artigo de hoje trouxe a análise comentada de uma questão da UFSC sobre o tema. Confira!
Carta de Pero Vaz de Caminha: questão do vestibular da UFSC
(UFSC – 2018) E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de encobrir suas vergonhas as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas. […]
Deduzo que é gente bestial e de pouco saber, e por isso tão esquiva. Mas apesar de tudo isso andam bem curados, e muito limpos. E naquilo ainda mais me convenço que são como aves, ou alimárias montesinas. […]
Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão ir ouvir missa e sermão naquele ilhéu. […] E assim foi feito. Mandou armar um pavilhão naquele ilhéu, e dentro levantar um altar mui bem arranjado. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual disse o padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes que todos assistiram, a qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção. […]
Enquanto assistimos à missa e ao sermão, estaria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos, como a de ontem, com seus arcos e setas, e andava folgando. E olhando-nos, sentaram. E depois de acabada a missa, quando nós sentados atendíamos a pregação, levantaram-se muitos deles e tangeram corno ou buzina e começaram a saltar e dançar um pedaço. […]
O melhor fruto que se pode tirar desta terra me parece ser salvar esta gente. […]
PERO Vaz de Caminha. Carta à D. Manuel. In: Enciclopédia Itaú Cultural de arte e cultura brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017.
Sobre a carta de Pero Vaz de Caminha e o contexto da expansão ultramarina portuguesa, é correto afirmar que:
01) na carta, é possível identificar choque e estranhamento entre as diferentes culturas, assim como perceber a iniciativa portuguesa de tomar posse da terra.
02) apesar dos rituais católicos descritos na carta, a Igreja Católica não apoiava a iniciativa das navegações portuguesas porque contrariava princípios da instituição sobre as explorações do mundo.
04) no relato do autor, há referências aos habitantes como seres que, na sua visão, seriam selvagens.
08) a mais conhecida das cartas relacionadas à expedição de Pedro Álvares Cabral é a de Pero Vaz de Caminha, que relata a estada da tripulação durante o tempo em que esteve aportada nas terras encontradas.
16) movida pelo grande interesse sobre as terras descobertas, parte da tripulação daquela expedição não seguiu viagem, garantindo assim a posse do lugar ao reino português.
32) a carta de Pero Vaz de Caminha reproduz fielmente o que aconteceu durante a estada da armada de Pedro Álvares Cabral, já que esta era a função de Caminha como escrivão.
64) fica evidente, pela descrição do autor, o respeito da Coroa portuguesa em relação às crenças e aos costumes dos habitantes da terra.
Análise:
As alternativas (01), (04) e (08) estão corretas.
A questão do vestibular da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) aborda uma série de aspectos da Carta de Pero Vaz de Caminho e o contexto em que ela foi escrita.
A alternativa (02) está errada pois a Igreja Católica apoiou as Grandes Navegações desde o início, com o objetivo de buscar por novos fiéis. A alternativa (16), por sua vez, está incorreta porque praticamente toda a tripulação seguiu viagem rumo às Índias, deixando as terras sem proteção.
A alternativa (32) também está errada, uma vez que a carta de, a partir do momento em que caracteriza os indígenas baseado no etnocentrismo, não reproduz fielmente a situação das terras brasileiras na época.
Por fim, a alternativa (64) está incorreta pois podemos perceber a por meio da análise da Carta a intenção da Coroa em catequizar os indígenas, o que não caracteriza o respeito da Coroa em relação às crenças dos povos que viviam no “Novo Mundo”.