O endividamento no Brasil continua em nível bastante elevado. A população vem sofrendo nos últimos anos com a inflação e os juros elevados, que impulsionam o número de dívidas das famílias do país. E um dos débitos mais recorrentes envolve operações bancárias.
Em resumo, o endividamento bancário cresceu em janeiro de 2023. De acordo com o levantamento realizado pelo Banco Central (BC), a taxa de dívidas de brasileiros com bancos chegou a 49,6% da renda acumulada nos últimos 12 meses até novembro de 2022.
Embora o percentual seja muito alto, ficou levemente inferior ao registrado em outubro (49,7%). Por outro lado, na comparação com o percentual de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19, o nível ficou 7,9 pontos percentuais superior.
À época, o endividamento bancário somava 41,8% da renda dos brasileiros. Aliás, a crise sanitária agravou a situação da população, que já devia bastante aos bancos, empurrando os consumidores ainda mais fundo nas dívidas.
Seja como for, o percentual continua próximo do recorde, registrado em meados de 2022, quando a taxa das dívidas atingiu 53,1% no acumulado dos últimos 12 meses. Em síntese, essa foi a maior taxa já registrada pela série histórica do BC, que teve início em janeiro de 2005.
Vale destacar que, mesmo com o percentual ainda elevado, o endividamento vem caindo nos últimos meses. O levantamento do BC revela que os percentuais estão ficando gradativamente menores no país. Isso mostra que os brasileiros estão conseguindo diminuir suas dívidas com as instituições bancárias.
O BC também informou que taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito subiu em janeiro de 2023. A saber, a taxa passou de 3%, em dezembro de 2022, para 3,2% no mês passado. Em suma, esse é o maior patamar de inadimplência desde abril de 2020, quando a taxa chegou a 3,3% no país.
O aumento da inadimplência foi impulsionado pelas operações com pessoas físicas. Isso porque a taxa de clientes com contas e dívidas atrasadas passou de 3,9%, no final de 2022, para 4,1% no primeiro mês deste ano.
Por sua vez, a taxa de inadimplência nas operações com pessoas jurídicas se manteve estável em 1,6% em janeiro, na comparação com dezembro de 2022. A propósito, esse é o maior nível de inadimplência desde agosto de 2020 (1,8%).
Em resumo, a pessoa inadimplente é aquela que possui dívidas ou contas em atraso. A propósito, há alguns fatores que acabam impulsionando a inadimplência entre os consumidores, como a falta de atenção à própria saúde financeira. Nesses casos, a pessoa costuma contrair mais dívidas do que a sua renda é capaz de quitar.
Aliás, os dados do BC mostram que as pessoas físicas têm uma tendência maior de cair na inadimplência. Entre as pessoas jurídicas, a taxa é duas vezes menor. Ainda assim, ambas as operações estão nos maiores patamares dos últimos anos, o que indica a dificuldade da população em honrar seus débitos em dia.
O BC também revelou que os juros bancários médios do país chegaram a 43,5% ao ano em janeiro de 2023. Essa taxa é a mais elevada desde agosto de 2017, quando a taxa média chegou a 45,6% ao ano.
Em síntese, isso reflete as dificuldades que as famílias do país vêm enfrentando. Inclusive, os juros bancários estão mantendo uma trajetória de alta nos últimos anos. Por exemplo, a variação acumulada em 2021 foi de 8,4 pontos percentuais, enquanto o avanço registrado em 2022 foi de 8,2 pontos percentuais.
A título de comparação, estes foram os maiores avanços anuais desde 2015, quando o juro bancário disparou 9,9 pontos percentuais no país.
Os juros bancários vêm crescendo no país devido ao aumento da taxa Selic. Isso porque o BC elevou em 12 vezes consecutivas a taxa Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022, maior sequência de elevações da taxa Selic em 23 anos.
Em suma, a Selic é o principal instrumento do BC para segurar a inflação no país. A alta da Selic eleva os juros praticados no país, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia. Assim, a inflação tende a cair também, pois a demanda fica enfraquecida.
Isso acontece porque os juros de diversos setores, como o bancário e o imobiliário, também sobem. Dessa forma, as famílias ficam com a renda corroída e se veem obrigadas a buscar crédito bancário para pagar dívidas, por exemplo. O problema é que os juros desta modalidade estão muito elevados, e a sua procura pode ser mais negativa que benéfica.