Um relatório que foi publicado pela XP Investimentos mostrou que os brasileiros estão cada vez mais entrando em dívidas e em linhas de crédito. O ano de 2021 foi marcado por uma inflação acima dos dois dígitos e com muita preocupação fiscal, o que fez com que muitos recorressem a algumas alternativas para sanar seus débitos.
Para 2022, as expectativas não são muito positivas, ainda mais se for levado em consideração as incertezas que podem surgir com o resultado das eleições. Em um cenário conturbado como esse, é cada vez mais preocupante que as famílias continuem a adquirir dívidas e linhas de crédito que na sua maioria, são cada vez mais caras, com a alta dos juros.
No relatório, a analista Camilla Dolle apontou que o saldo de crédito para pessoas físicas cresceu 21% no último ano. Em comparativo com o ano anterior, o aumento tinha sido de 10%, o que mostra que os pedidos de linha de crédito dobraram nos últimos 12 meses.
Outro dado relevante mostra que houve uma maior contribuição para esse recente crescimento de pessoas físicas que tiveram acesso a linhas de crédito, na maioria dos casos sem garantias. A maioria dos pedidos de empréstimo foi referente ao cartão de crédito e crédito consignado, com o dobro do crescimento que foi visto em 2018 e 2019.
O crescimento do cartão de crédito representou um crescimento de aproximadamente 30% no último ano. Só não cresceu mais do que o crédito consignado em 2021, que teve um aumento de 40% em relação à 2020.
A taxa de juros do cartão de crédito rotativo subiu em dezembro para 349,6%. Já a taxa do cartão de crédito parcelado terminou em 2021 em 158,61% de média. Em relação ao cartão de crédito não consignado, a taxa média de juros que foi observada pelo Banco Central do Brasil fechou janeiro em 68,41%.
Essa foi uma das linhas que ficou mais acessível desde que a taxa de juros (Selic) iniciou o período de altas históricas, que em março já vai completar 1 ano de aumentos consecutivos.
Mesmo estando abaixo dos três dígitos, essa taxa ainda é sim uma das mais caras do mercado financeiro. Apenas para se ter uma ideia do tamanho da discrepância, a taxa do crédito consignado para o setor público tem um juros médio de 20,5% ao ano, sendo que essa taxa para o setor privado saltou para 35% ao ano.
De acordo com o documento que foi publicado pela XP Investimentos, no último ano as famílias atingiram o maior nível de endividamento dos últimos 15 anos. A tendência é que siga em trajetória de elevação também em 2022.
Até outubro de 2021, o endividamento das famílias chegou a 51%, que é o maior da série que foi iniciada em 2005. Sem um avanço do PIB, é díficil que o cenário mude tão cedo.