Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a taxa básica de juro da economia brasileira estável, em 13,75% ao ano. Essa foi a quarta vez seguida que a taxa se manteve estável, após 12 avanços consecutivos dos juros no país.
Embora o BC tenha optado por manter a taxa Selic estável, isso não retirou o Brasil da liderança do ranking mundial dos juros reais. Em resumo, a lista desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses, e o Brasil tem os juros reais mais altos do mundo desde maio de 2022, ou seja, há oito meses.
A saber, os juros reais no país caíram para 7,38% ao ano com a taxa Selic em 13,75%, segundo um levantamento compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management. A propósito, o levantamento analisa 40 países, incluindo Estados Unidos, China, Japão e Alemanha, maiores economias do planeta.
Todos os demais países do levantamento apresentaram taxas negativas de juros reais. Em suma, a Argentina ficou na última posição, com um juro real negativo de 19,61%. Também tiveram taxas negativas intensas: Turquia (-8,00%), Holanda (-7,39%), República Checa (-6,99%), Polônia (-6,49%), Bélgica (-6,38%) e Grécia (-5,57%).
Entre as maiores economias do planeta, os Estados Unidos ficaram em 15º (-0,03%), enquanto o Japão ficou em 18º (-1,50%). Já a Alemanha caiu uma posição, para o 33º lugar, com uma taxa de -4,92%. Também vale destacar as taxas da Itália (-4,92%), França (-2,40%), Rússia (-1,61%) e Reino Unido (-0,95%).
Além disso, o levantamento também revelou as taxas de juros nominais entre os 40 países. Isso quer dizer que o ranking se refere ao valor nominal dos juros em cada um dos países analisados, sem descontar a inflação projetada para os meses seguintes.
Em suma, o Brasil se manteve no segundo lugar, com a taxa de 13,75%. Nesse ranking, a Argentina liderou a lista com bastante folga, com a taxa básica de juro da economia atingindo expressivos 75% ao ano. Aliás, essa taxa também se mantém estável no vizinho sul-americano nos últimos meses.
A saber, a Argentina vem tentando sair de uma recessão econômica desde 2018. Em 2021, a inflação disparou 50,9% no país, uma das maiores taxas do mundo. E isso explica o motivo de os juros estarem tão elevados e, mesmo assim, o país ter a menor taxa de juro real entre os 40 países do levantamento.
Em síntese, como os juros reais descontam a inflação projetada, a taxa na Argentina passa a ser negativa, pois a inflação é muito alta. No entanto, ao considerar apenas a taxa nominal de juros, sem fazer ponderações relacionadas à inflação, o país lidera o ranking mundial com muita folga para o Brasil, que ocupa a segunda posição.
De acordo com o levantamento, o top cinco nos juros nominais é formado por Hungria (13,00%), Colômbia (+12,75%) e Chile (11,25%). Vale destacar que, no top três, apenas a Colômbia subiu uma posição, visto que o país estava no quinto lugar em dezembro do ano passado, com os juros no nível de 11,00% ao ano.
As taxas em algumas das maiores economias do mundo foram as seguintes: Rússia (7,5%, em 8º lugar), Estados Unidos (4,75%, em 16º), China (4,35%, em 18º), Reino Unido (3,5%, em 19º), Alemanha (2,50%, em 27º), França (2,5%, em 31º) e Japão (-0,10%, em 39º). A Suíça tem os menores juros entre todos os países, de -0,75%.
Em resumo, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a famosa inflação. Quanto mais alta a taxa Selic estiver, mais altos ficarão os juros no país, pois ela puxa consigo os juros, no geral.
Dessa forma, o crédito fica mais caro no Brasil, reduzindo o poder de compra do consumidor. Como as pessoas se veem obrigadas a pagar mais caro para contratar crédito, muitas delas reduzem seus gastos e modificam seus hábitos de consumo. E a principal consequência de tudo isso é o desaquecimento da economia brasileira.
Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas e manteve a taxa Selic estável. Contudo, vale destacar que a inflação ainda está bastante elevada no país, mais alta que o desejado pelo mercado. Por isso que os juros deverão continuar altos no país por mais alguns meses.