Se você está em situação de inadimplência por causa de dívidas em bancos como Bradesco, Santander e Itaú/Unibanco, terá uma grande chance de negociação. As assessorias destas instituições financeiras confirmaram que deverão participar do sistema do programa Desenrola do Governo Federal. Trata-se do sistema de negociação de débitos que está sendo capitaneado pelo Ministério da Fazenda.
A adesão dos três maiores bancos privados do país ao programa, aliás, está sendo vista como mais uma vitória do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que enfrentou meses de desconfiança em relação ao lançamento do projeto. A Medida Provisória (MP) do Desenrola foi assinada pelo presidente Lula (PT) há pouco menos de uma semana.
Além dos bancos privados, o Banco do Brasil também já confirmou que deverá participar do sistema do programa Desenrola. “O Banco vai ampliar, sob o Desenrola, as soluções de renegociação de dívidas disponíveis a todos os nossos clientes”, disse o Banco do Brasil, afirmando que participou do processo de produção do programa do Governo.
Já a Caixa Econômica Federal explicou que ainda não tomou uma decisão sobre o tema porque ainda está esperando mais informações por parte do Ministério da Fazenda. Uma nova atualização sobre o caso deverá ser divulgada dentro de mais alguns dias. A instituição também disse que participa de conversas com o Ministério sobre o tema.
“A Caixa participa ativamente de reuniões conjuntas com Febraban e Ministério, com o objetivo de contribuir para a construção de solução alinhada à premissa de atendimento qualificado aos clientes e ao planejamento estratégico desta instituição”, diz a nota do banco público. Segundo analistas, é provável que eles também entrem no sistema.
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) também lançou nota elogiando a criação do Desenrola. Segundo eles, as instituições financeiras do Brasil poderão contribuir com a redução do número de endividados do país.
“O desenho do Programa Desenrola, anunciado ontem (na segunda-feira, dia 5 de maio) pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está em linha com as tratativas feitas nos últimos meses em conjunto pelo governo federal e a Febraban.”
“A Febraban se envolveu, desde o início, na concepção e na construção do Desenrola, quando, num primeiro momento, a entidade foi procurada pelos então coordenadores do programa de governo (Aloizio Mercadante) e de assuntos jurídicos (Jorge Messias) a fornecer dados e a auxiliar tecnicamente na sua formatação”, completa a nota.
O Desenrola foi uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do ano passado. A ideia é justamente criar um sistema que vai ligar os credores aos inadimplentes na tentativa de ajudar no processo de negociação das dívidas.
O programa será dividido em duas faixas. A primeira deverá atender apenas as pessoas que recebem até dois salários mínimos, ou seja, R$2.640. Além disso, a dívida em questão precisa ter sido contraída até 31 de dezembro de 2022, e não pode ter ultrapassado a marca dos R$ 5 mil.
O Governo deverá realizar uma espécie de leilão entre os credores. Aquelas empresas que estiverem decididas a liberar os maiores descontos, ganharão o direito de fazer parte do fundo garantidor. Neste caso, o Ministério vai garantir os pagamentos da negociação, mesmo que o cidadão não pague aquilo que foi combinado.
Segundo o Ministro Fernando Haddad, as empresas que toparem fazer parte do Desenrola, terão que cumprir a condição de perdoar todas as dívidas menores de R$ 100. Segundo o Ministério, cerca de 1,5 milhão de brasileiros estão em situação de inadimplência por conta de valores pequenos como estes.