O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é responsável por conceder benefícios previdenciários aos trabalhadores brasileiros. No entanto, nos últimos anos, o programa de bonificação implantado durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro tem gerado polêmica e impactado negativamente a concessão desses benefícios.
O programa de bonificação do INSS foi implementado em março de 2019, inicialmente com o objetivo de revisar benefícios suspeitos de irregularidades. Os servidores administrativos recebiam um bônus de R$ 57,50, enquanto os peritos médicos recebiam R$ 61,72. A partir de julho do mesmo ano, o programa passou a ser uma forma de reduzir a fila de pedidos do INSS, que chegou a 2 milhões devido à pandemia e às greves.
Atualmente, o programa paga um bônus de R$ 68 para os servidores administrativos e R$ 75 para os peritos. No entanto, uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou falhas no programa e seus impactos negativos na qualidade das análises e na concessão de benefícios.
De acordo com a auditoria da CGU, os servidores que receberam maior bonificação foram aqueles que não conseguiram cumprir as metas regulares de trabalho. Além disso, muitos servidores receberam remuneração acima do teto constitucional, o que levanta questões sobre a equidade do programa.
Os resultados da auditoria também indicaram que os processos analisados com pagamento de bônus tinham maior probabilidade de serem indeferidos. A falta de supervisão técnica adequada contribuiu para a alta taxa de indeferimentos, resultando em um aumento na fila de recursos e revisões. Essa situação gera retrabalho para o INSS e para o sistema judiciário, além de custos adicionais para a sociedade.
A CGU destacou que a criação de um programa de bonificação por produtividade pode comprometer a qualidade das análises realizadas pelo INSS. A pressão para atingir metas pode levar a pareceres com inconsistências, resultando em indeferimentos ou concessões indevidas. Além disso, a falta de supervisão adequada pode gerar falhas no acompanhamento da execução do programa.
A auditoria da CGU também analisou os processos que entraram na fila de recursos, ou seja, quando os segurados recorrem de respostas negativas do INSS. Os resultados mostraram que o maior número de processos em análise era relacionado aos servidores que receberam as maiores médias de pagamento dentro do programa de bonificação. Isso indica que a bonificação pode influenciar negativamente a precisão das análises, aumentando a taxa de indeferimentos e reduzindo a frequência de exigências.
As falhas no programa de bonificação do INSS têm impactos econômicos e sociais significativos. Os processos indevidamente indeferidos geram retrabalho, atrasos nos pagamentos de benefícios e aumento dos custos para o próprio INSS e para o Estado brasileiro. Além disso, os segurados afetados precisam recorrer e, muitas vezes, buscar o sistema judiciário para garantir seus direitos, resultando em mais gastos e atrasos.
Diante das falhas identificadas pelo relatório da CGU, é necessário repensar a política de bonificação do INSS. Medidas paliativas, como bônus por produtividade, não resolvem os problemas estruturais enfrentados pelo INSS. É fundamental investir na contratação de servidores, melhorar a capacitação, modernizar as agências de Previdência Social e realizar concursos públicos.
Além disso, é preciso estabelecer metas que não comprometam a qualidade das análises e garantir uma supervisão adequada para evitar indeferimentos indevidos. Somente dessa forma será possível agilizar o processo de concessão de benefícios, reduzir as filas e garantir os direitos dos segurados.
O programa de bonificação do INSS, implementado durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro, teve impactos negativos na concessão de benefícios previdenciários. As falhas identificadas pela CGU, como o aumento das negativas de benefícios e a queda na qualidade das análises, demonstram a necessidade de revisão dessa política. É fundamental buscar soluções estruturais para o INSS, como investimentos em contratação de servidores, capacitação e modernização das agências. Somente assim será possível garantir o acesso aos benefícios de forma justa e eficiente.