O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a falar sobre a questão do consignado do Auxílio Brasil. Diante da polêmica que envolve o tema, o chefe de estado disse em entrevista para o podcast Flow, que o ideal mesmo é não solicitar o dinheiro do crédito do programa, mas argumentou que algumas pessoas estão precisando do saldo agora.
“O ideal é não pegar empréstimo, mas tem gente que precisa pegar pra saldar outras dívidas, pra pagar um juros menor”, disse o presidente na entrevista. O consignado do Auxílio Brasil consiste em liberar um dinheiro para que o cidadão pague de volta na forma de descontos mensais de até 40% nas parcelas do programa social.
Ainda na mesma declaração, Bolsonaro disse que pediu para que os bancos ofereçam o crédito, e que também optem por taxas de juros mais baixas. O encontro com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Febraban) aconteceu na última segunda-feira (8), durante um almoço com empresários da área financeira.
Nos últimos dias, membros do Governo Federal começaram a admitir que existe de fato a possibilidade de o consignado prejudicar ainda mais os mais pobres. Na entrevista ao Flow, Bolsonaro disse esperar que a população “não entre em uma bola de neve de empréstimos”, e lembrou que o cidadão decide se quer solicitar ou não.
Antes da reunião com os banqueiros, o Ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, argumentou que se os juros oferecidos pelos bancos forem altos, há uma grande chance de os mais vulneráveis serem prejudicados em um curto espaço de tempo. Analistas acreditam que os vulneráveis podem acabar criando mais dívidas.
Como dito, em um empréstimo consignado, o cidadão paga o montante de volta para a instituição por meio de descontos. Desta forma, é impossível não quitar a dívida, já que o desconto é automático e feito todos os meses até quitar o valor.
Entretanto, o temor gira em torno das possíveis outras dívidas que o cidadão pode contrair. Afinal, ao solicitar o consignado, o indivíduo passará um longo período de tempo recebendo um valor notadamente menor no Auxílio Brasil.
O patamar menor terá que ser suficiente para pagar as próximas dívidas, que seguirão chegando nos próximos meses. É neste cenário que alguns dos maiores bancos do país já adiantam que não oferecerão crédito.
Nesta semana, o presidente do Itaú, Milton Maluhy Filho, disse que não oferecerá o consignado por não considerar uma boa ideia ofertar este tipo de serviço para vulneráveis. Ele explicou que esta já é uma questão superada na instituição.
“Entendemos que não é o produto certo para público vulnerável. Assim, o banco preferiu não operar”, disse ele. Antes, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, já tinha adiantado que também não iria oferecer tal crédito.
“Em vez de ser uma boa operação para o banco e para o cliente, entendemos que a pessoa terá mais dificuldade quando o benefício cessar, e, por isso, preferimos não operar. Estamos falando de pessoas vulneráveis”, disse ele.