O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta terça-feira (20) da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Como é tradição, o chefe de estado brasileiro é o primeiro a discursar na abertura dos trabalhos. Em seus discurso, ele citou entre outros pontos o Auxílio Emergencial, que foi pago durante a pandemia.
“Beneficiamos mais de 68 milhões de pessoas (com o auxílio emergencial)”, disse ele. O presidente acerta quando afirma que quase 70 milhões de brasileiros foram beneficiados pelo programa social. Dados do Ministério da Cidadania apontam que 68,2 milhões receberam ao menos uma parcela de R$ 600 ou de R$ 1,2 mil no ano de 2020.
Contudo, os números foram caindo no decorrer do tempo. Nos primeiros três meses de 2021, por exemplo, o programa foi oficialmente suspenso e ninguém recebeu mais a ajuda do poder executivo. Diante das críticas da oposição, o Governo retrocedeu e retomou os pagamentos do benefício em abril, em uma versão notadamente reduzida.
Entre abril e outubro de 2021, pouco mais de 38 milhões de pessoas receberam os valores do benefício. Os patamares variavam entre R$ 150 e R$ 375. Dados do Ministério da Cidadania apontam que a maioria recebia o valor menor. O saldo mais alto valia apenas para as mães solo. De todo modo, o programa chegou ao fim em outubro do ano passado.
Logo depois, o Governo Federal iniciou os pagamentos do substituto do Bolsa Família, o Auxílio Brasil. O número de usuários do benefício caiu mais uma vez para 14 milhões. De lá até aqui, a quantidade de atendidos subiu gradativamente até chegar ao atual patamar de 20,65 milhões, que é o que se registra neste mês de setembro.
Bolsonaro
Bolsonaro escolheu citar na ONU apenas o maior número da série histórica, que foi registrado há mais de dois anos. De todo modo, também é preciso considerar que o número de usuários do programa foi caindo na mesma medida em que os números da pandemia foram arrefecendo. Hoje, a quantidade de mortes diárias pela Covid-19 é menor do que as registradas há dois anos.
Publicidade em torno do Auxílio
Dados da Lei de Acesso à Informação, obtidos pelo jornal O Globo mostram que o Governo resolveu investir pesado na publicidade envolvendo o Auxílio Brasil neste ano de 2022. O pico de gastos com propaganda sobre o tema aconteceu às vésperas das eleições.
Nos meses de abril e maio, o Governo gastou R$ 2 milhões com publicidade em torno dos feitos do Auxílio Brasil. Somente em junho, este gasto subiu para R$ 28 milhões. Este foi o último mês em que a Justiça Eleitoral ainda permitia propaganda em canais oficiais antes das eleições.
Parte desse dinheiro serviu para custear a produção das peças publicitárias. Outra parte bancou a veiculação destas mídias em emissoras de rádio e tv, além de mídias físicas em locais e transportes públicos.
Na boca dos candidatos
Mas se engana quem pensa que Bolsonaro é o único candidato nesta disputa eleitoral que fala sobre o Auxílio Brasil de maneira recorrente. Os seus principais adversários também fazem uma série de promessas envolvendo os pagamentos do programa social.
O ex-presidente Lula (PT), por exemplo, diz que poderá manter o valor de R$ 600 do Auxílio Brasil caso seja eleito este ano. Além disso, o petista diz que poderá pagar um adicional de R$ 150 por crianças menores de seis anos.
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) diz que criará uma renda básica universal permanente no valor de R$ 1 mil por família. O pedetista disse que poderá bancar os gastos com uma taxação mais forte daqueles que ele chamou de “super ricos”.