O programa de crédito da Caixa Econômica Federal não oferecerá crédito aos beneficiários do Programa Bolsa Família. Nesse sentido, a medida foi anunciada por Pedro Guimarães, presidente da instituição, na última segunda-feira, 27 de setembro. Isso ocorre visto que, de acordo com a Caixa, o processo de atualização cadastral no Caixa Tem, necessário para o empréstimo, cancela o cartão do Bolsa Família.
Além disso, Pedro Guimarães também relatou durante o evento que os beneficiários do Auxílio Emergencial também não seriam atendidos. Contudo, a Caixa Econômica se retratou em relação à informação dizendo que este grupo poderá utilizar o serviço, podendo, assim, solicitar o empréstimo.
“As pessoas que vão receber auxílio emergencial não terão esse crédito. Por quê? Porque elas não têm condições de pagar”, relatou o presidente da Caixa durante evento realizado no Palácio do Planalto. No entanto, a informação repassada já foi corrigida. Isto é, a instituição bancária se pronunciou e espera que cerca de 48 milhões de cidadãos com inscrição no Auxílio Emergencial possam solicitar o empréstimo.
Guimarães testou positivo recentemente para Covid-19, portanto, participou do encontro via vídeo e em alguns momentos da cerimônia chegou a se emocionar. Desse modo, o líder da instituição disse que a intenção do governo Bolsonaro é de ajudar quem mais precisa.
“Seja via transferência de renda, com o Bolsa Família ou qualquer novo programa assistencial, seja o crédito, como o crédito Caixa Tem”, afirmou. Ademais, é importante lembrar que a linha de crédito disponibiliza valores que variam de R$ 300 a R$ 1 mil, com taxa de juros de 3,99% ao mês.
Apesar da linha de crédito não ser oferecida ao beneficiários do Programa Bolsa Família, os participantes de outros programas poderá solicitar o empréstimo. Contudo, ainda é necessário que obtenham aprovação por meio da análise de crédito da Caixa Econômica. Dentre estes estão, por exemplo, participantes do Auxílio Emergencial, do FGTS, Seguro Desemprego e outros programas regionais.
No entanto, a instituição informa que a lei não permite que as parcelas do empréstimo sejam descontadas diretamente do valor recebido através do benefício. Dessa maneira, o usuário que participar da medida terá que efetuar o depósito do valor da parcela em sua conta do Caixa Tem.
Após o seu lançamento, contudo, o programa de empréstimos da Caixa Econômica, através do aplicativo Caixa Tem, foi criticado por um grupo de especialistas econômicos. Nesse sentido, estes acreditam que a proposta tem o potencial de aumentar o endividamento de parte da população mais vulnerável.
Além disso, o anúncio foi feito em um momento considerado delicado devido à aproximação do encerramento do Auxílio Emergencial e a falta de uma solução para a implementação do Auxílio Brasil. Isto é, novo programa social da gestão que deverá substituir o Bolsa Família a partir de novembro.
De acordo com Myrian Lund, professora dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas e especialista em Finanças, o contexto brasileiro apresenta uma piora da crise econômica no país e o fim do pagamento das parcelas do Auxílio Emergencial. Portanto, a disponibilidade de uma linha de crédito ao público vem como uma aposta do governo em estimular o consumo no fim de ano e de também evitar uma retração ainda maior do PIB nacional.
“A economia deixando de crescer é um inconveniente para o governo. É uma forma de tentar manter o PIB com essa população consumindo. As pessoas têm que ter algum consumo para sustentar o PIB. Vejo hoje essa medida de tentar segurar a economia, com juros subindo, a inflação lá em cima, um quadro negativo para a economia do país. O governo está estimulando as pessoas a irem ao consumo, mantendo o mínimo da economia funcionando. Não é por acaso a data escolhida para liberar o crédito. É para dar continuidade ao auxílio que termina e continua a parte da política sem embasamento nenhum”, destaca a professora.
Por fim, a especialista também analisa que a criação desta medida irá aumentar de forma considerável o grau de endividamento destas famílias. Ademais, devido aos altos índices de inadimplência, a Caixa Econômica vem oferendo os valores com uma taxa de juros mais alta.
Ainda que os beneficiários do Bolsa Família não possam receber o crédito da Caixa Econômica, eles seguem tendo acesso às últimas rodadas do Auxílio Emergencial. Desse modo, até o mês de outubro, todos os beneficiários do programa que também participam do Auxílio Emergencial, receberão a quantia paga pelo benefício.
Nesse sentido, os cidadãos inscritos no programa têm acesso aos valores pagos pela medida alguns dias antes dos demais participantes e também possuem direito ao saque imediato do valor. Além disso, os pagamentos, organizados pela Caixa Econômica Federal, acontecem de maneira escalonada. Isto é, variando de acordo com o último dígito do Número de Identificação Social (NIS) de cada beneficiário.
Assim, os primeiros a terem acesso à quantia são os cidadãos com NIS de final 1, já os de final 0 são os últimos a receberem.