Foi-se o tempo em que o único prejuízo de quem perdia o celular era o custo do aparelho. Atualmente, a preocupação da grande maioria dos indivíduos é a segurança dos dados bancários salvos em aplicativos nos smartphones. De acordo com o Valor Investe, os bancos digitais lideram o ranking de reclamações nesse sentido.
O banco digital com o maior número de reclamações foi o Nubank, contando com 299 relatos de usuários insatisfeitos no primeiro semestre de 2022. Logo em seguida, o Mercado Pago apresenta 270 reclamações e o PicPay 128. Sendo assim, apenas essas três empresas são responsáveis por 54% das reclamações nesse período, relatou o Valor Investe.
Para os clientes que foram prejudicados de alguma forma, o problema não está só na invasão dos aplicativos, mas sim na demora das instituições para reverter o prejuízo ou dar uma resposta.
Na plataforma ReclameAqui, um cliente relatou ter ligado para o Nubank solicitando o bloqueio do App assim que o aparelho foi roubado, no entanto, os criminosos realizaram uma compra de mais de R$ 2 mil no cartão virtual. O cliente disse ter feito um boletim de ocorrência, no entanto, o documento não foi aceito pelo banco digital.
“Eu não tinha nenhuma visibilidade do que tinha sido feito na minha conta quando fiz o boletim, então fiz um outro B.O., com o valor da compra incluso, e enviei. Todos os dias desde então eu recebo vários e-mails diferentes, de pessoas diferentes, falando coisas diferentes com relação a minha contestação, mas nenhuma resolução. E agora estão me cobrando, já que minha fatura fechou com esse valor incluso”, relatou.
Em um outro caso, o cliente Nubank informou ter conseguido trocar a senha do aplicativo e bloquear os cartões por outro aparelho. Apesar disso, mesmo após a troca, os criminosos realizaram mais de 15 compras utilizando o cartão do usuário. Além disso, também foram realizados PIX e solicitados empréstimos que foram concedidos na hora.
“O meu limite no cartão de crédito é R$ 2.600, mas eles concederam R$ 8.400 em empréstimos sem conferir se realmente era eu quem estava contratando. A polícia já encontrou três pessoas relacionadas ao crime e já mandei os boletins de ocorrência para o banco. Acontece que o banco, além de não me responder de maneira clara os mais de 20 e-mails que mandei, já me cobrou duas parcelas de cada empréstimo que os bandidos fizeram. Basta ter dinheiro na conta corrente que eles descontam automaticamente”, disse a vítima.
Em uma nota enviada ao Valor Investe, a Zetta, associação que engloba o Nubank, Mercado Pago e outras fintechs, informou que as instituições são seguras e “investem constantemente em tecnologias para aumentar ainda mais a segurança das operações financeiras dos clientes”.
A associação ainda pontuou que os bancos digitais e demais instituições fazem “uso intensivo de tecnologias inovadoras para prevenir crimes, como o uso de reconhecimento facial para validação de identidade e prova de vida, assim como modelos de inteligência artificial para avaliação de risco”.