Nesta terça-feira (19), teve início mais uma reunião do Banco Central (BC) para definir os novos caminhos da política monetária do Brasil. O encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC dura dois dias e, ao fim da quarta-feira (20), a autarquia fará o anúncio da nova taxa básica de juros do país, a Selic.
A maioria dos analistas do mercado financeiro acredita que a taxa terá o segundo corte seguido. A expectativa é que a redução seja de 0,50 ponto percentual (p.p.). Caso a previsão se confirme, a Selic passará de 13,25% para 12,75% ao ano.
Aliás, alguns analistas acreditam que o Banco Central poderá realizar um corte ainda maior nas próximas reuniões, mas isso não deverá acontecer nesta semana, visto que o primeiro corte em três anos aconteceu apenas no mês passado.
Em resumo, o consenso geral é que a autarquia reduza em 0,50 p.p. a taxa Selic, até porque afirmou no mês passado que deverá manter os cortes neste patamar. Dessa forma, continuará seguindo com cautela em relação à inflação no Brasil, decidindo assim a política monetária do país.
Entenda como os juros seguram a inflação
O principal objetivo do Copom ao elevar a Selic é segurar a inflação do país. Em suma, uma Selic mais alta puxa consigo os juros praticados no país, reduzindo o poder de compra do consumidor. Como consequência, desaquece a economia do país, limitando o avanço da chamada “inflação por demanda”.
Quando a Selic sobe, encarece o crédito, reduzindo a busca das pessoas por empréstimos. Dessa forma, o consumo tende a diminuir, uma vez que a população passa a ter menos dinheiro em mãos.
Como a demanda diminui, os preços começam a cair, desacelerando a inflação, mas isso só acontece com o tempo. Por isso que o Banco Central manteve a taxa Selic estável nos últimos meses, apesar da desaceleração da inflação no país.
Aliás, é importante explicar que desaceleração não significa queda. Na verdade, os preços de bens e serviços subiram no ano passado, ficando mais caros que em 2021. A diferença é que a alta foi menor, mas ainda assim os produtos e serviços ficaram mais caros no país.
Qual é o cenário atual do Brasil?
Em síntese, a inflação no Brasil veio mais forte que o esperado em julho. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,12% no mês passado, acima da mediana das projeções do mercado. Contudo, a taxa ainda assim foi bem tímida, para alívio do mercado.
À época, analistas afirmaram que o resultado ter vindo acima das projeções não implicaria em uma redução mais branda do Banco Central em relação aos juros, e isso realmente não deverá acontecer.
Além disso, no início de setembro, o IBGE também revelou que o PIB do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023. O resultado foi bem menor que o registrado nos três primeiros meses deste ano, quando a economia cresceu 1,8%.
Contudo, a desaceleração da atividade econômica já era esperada. Por isso, o que mais repercutiu foi o avanço ter vindo bem acima do esperado pelo mercado (0,4%), indicando um fortalecimento da atividade do país, surpreendendo os analistas e o governo federal.
Em meio a esse cenário de inflação mais fraca e economia cada vez mais forte, a expectativa é haja uma redução de 0,50 p.p. dos juros, assim como o próprio Copom informou no mês passado.
Benefícios da inflação controlada
Vale destacar que uma inflação controlada traz diversos benefícios para a economia brasileira, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, o que permite um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Nos últimos meses, a inflação perdeu bastante força no país. Inclusive, os analistas estão bem mais otimistas, reduzindo cada vez mais as estimativas para a taxa inflacionária do país em 2023. Por isso que a expectativa é que o BC reduza a taxa de juros nesta semana.
Por fim, os analistas do mercado financeiro estimam que a inflação deverá subir 4,86% neste ano, abaixo das projeções da semana passada (4,93%). Isso mostra que as preocupações com a taxa inflacionária muito elevada não deverão se concretizar neste ano.