Se tudo sair como projetam os economistas, a taxa básica de juros Selic deverá ser reduzida nos próximos dias. Ao menos esta é a expectativa depositada sobre a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). O encontro ocorre na quarta-feira (20).
A grande expectativa das instituições financeiras é de que a taxa Selic seja reduzida em mais 0,50 ponto percentual. Caso este dado se confirme, o percentual poderia passar dos atuais 11,25% para 10,75% ao ano. Vale lembrar que o BC vem projetando quedas na Selic ao menos até o final deste ano.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, disse o comitê.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial [convergindo parcialmente em direção às metas] e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, seguiu a nota.
Mas afinal de contas, como a queda na Selic pode impactar a sua vida? De acordo com especialistas, a Selic é a taxa básica de juros do país. Quando ela é reduzida, é natural que os juros cobrados em todas as operações financeiras do país também sejam reduzidos.
Um dos casos mais práticos é o do teto de juros para o consignado do INSS. Em entrevistas, o ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT) já adiantou que sempre que a Selic for reduzida, a taxa máxima de juros para esta modalidade de empréstimo será reduzida também.
Desde o ano passado, o ministério usa as quedas na Selic para justificar as reduções no teto máximo de juros do consignado do INSS.
Já está valendo oficialmente o novo teto máximo de juros do consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desde o último dia 11 de março, os bancos podem cobrar até, no máximo, 1,72% de juros para esta modalidade de empréstimo.
Houve, portanto, uma redução no teto máximo de juros do consignado do INSS. Antes, este patamar estava na casa dos 1,76% ao mês. No início de março, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou uma redução deste patamar, logo depois de o Banco Central (BC) decidir reduzir a Selic.
Também houve redução no teto máximo de juros para as operações de cartão de crédito, que passou de 2,61% para 2,55% por mês. Esta também foi uma decisão tomada pelo CNPS, mas que só começou a valer de fato a partir desta semana.
Mas o fato é que nem todo mundo parece concordar com esta série de quedas na taxa máxima de juros do consignado do INSS. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), por exemplo, segue afirmando que estas decisões estariam prejudicando os segurados.
“A Febraban continuará buscando demonstrar que, na prática, as reduções do teto de juros, da forma como vem ocorrendo, estão tendo efeito danoso para a camada mais vulnerável desse público do INSS, que precisa de crédito em condições mais acessíveis”, disse Federação.
Desde o ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) traçou uma estratégia de pressionar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, para reduzir a taxa Selic. No início, o petista fez declarações fortes neste sentido.
“Temos de mexer com o coração do presidente do BC [Roberto Campos Neto]. ‘Reduz um pouco os juros que as pessoas estão querendo tomar dinheiro emprestado. Os governadores podem ajudar”, disse Lula ao discursar em evento sobre investimentos de bancos públicos nos estados.
Hoje, no entanto, a avaliação é que a relação entre Lula e Roberto Campos Neto melhorou e já não há uma tensão no ar, mesmo porque, como dito, o BC aprovou uma série de quedas na taxa Selic, e vem sinalizando que deverá aplicar mais reduções no decorrer dos próximos meses.
Vale lembrar que Campos Neto não foi indicação de Lula, mas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).