A evolução regional do crédito no primeiro trimestre de 2022 foi divulgada pelo Banco Central do Brasil (BCB) na data desta publicação, 11 de agosto de 2022.
O crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceu 2,4% no primeiro trimestre de 2022, com elevações de 1,2% na carteira de pessoas jurídicas (PJ) e 3,2% na de pessoas físicas (PF), sendo essa responsável por cerca de 80% da alta nominal no período, resume o Banco Central do Brasil (BCB).
Em contexto de aumento de juros, observou-se redução no ritmo de crescimento do crédito. De acordo com o Banco Central do Brasil (BCB), essa tendência foi mais evidente na região Sudeste, que mostrou continuidade da expansão da carteira do segmento pessoa física (PF), compensando a relativa estabilidade no estoque de pessoa jurídica (PJ).
Segundo destaca o Banco Central do Brasil (BCB), por tomador e fonte dos recursos, no crédito pessoa jurídica (PJ), os saldos das carteiras direcionadas registraram queda no Norte, no Nordeste e, principalmente, no Sudeste, refletindo amortizações dos programas emergenciais, e tiveram altas discretas no Sul e no Centro-Oeste, pela expansão do crédito rural. Já nas operações pessoa jurídica (PJ) livres, sobressaiu o Centro-Oeste, em especial, pelo financiamento à exportação.
Para o crédito pessoa física (PF), por sua vez, Norte e Nordeste apresentaram as maiores taxas de crescimento na carteira livre, destaca o Banco Central do Brasil (BCB). Nas operações com recursos direcionados, também houve liderança do incremento relativo do Norte, influenciada pela evolução de financiamentos rurais naquela região.
O saldo de financiamentos rurais para famílias despontou, além do Norte, no Centro-Oeste, diante de cenário positivo para o agronegócio, conforme mencionado no Boletim Regional divulgado pelo Banco Central do Brasil (BCB).
Adicionalmente, destacam-se as operações de cartão de crédito financiado no Nordeste e os financiamentos imobiliários e o crédito pessoal não consignado no Sudeste e Sul. Registrou-se ainda no trimestre, diferentemente do ocorrido no ano anterior, o incremento significativo em empréstimos não consignados em todas as regiões e transações com cartão de crédito financiado (modalidade concedida quando não há o pagamento integral da fatura).
Segundo destaca o Banco Central do Brasil (BCB), esses resultados sugerem o encarecimento de operações para pessoas físicas e podem influenciar a inadimplência na margem. Nas contratações pessoa jurídica (PJ), os financiamentos à exportação lideraram no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
Além disso, diminuíram os saldos de recebíveis no Norte e no Sudeste e de outros créditos direcionados no Nordeste, enquanto os financiamentos rurais aumentaram no Sul, ressalta a divulgação oficial.
Setorialmente, o comércio foi responsável pela maior demanda de crédito no conjunto das regiões; no Sudeste, destacou-se ainda a redução no saldo do crédito à Administração Pública. Além disso, a inadimplência no primeiro trimestre de 2022 aumentou em relação ao final do ano anterior, influenciada, possivelmente, pela elevação na taxa de juros da carteira pessoa física (PF).
Nesse segmento, houve alta em todas as regiões, principalmente no Nordeste (0,58 p.p.) e no Sudeste (0,40 p.p.), pormenoriza a divulgação oficial. Por outro lado, no segmento pessoa jurídica (PJ), o percentual de créditos com inadimplemento se aproximou da estabilidade em quatro das cinco grandes regiões, exceto no Norte.
Os desdobramentos do mercado de crédito no trimestre denotam evolução ainda robusta — inclusive frente ao primeiro trimestre de 2021, de acordo com o Banco Central do Brasil (BCB).
Em cenário de aumento do nível de preços e juros, no primeiro trimestre de 2022, houve mudanças no perfil de operações pessoa física (PF), com menor crescimento do crédito consignado e incremento significativo das modalidades de maior custo, bem como a acomodação no desempenho agregado do crédito pessoa jurídica (PJ).
Essa estabilidade resultou, em boa medida, da expansão de financiamentos relacionados a exportações em contraponto à retração relevante de operações de capital de giro, destaca o Banco Central do Brasil (BCB).