Conforme relatório oficial disponibilizado pelo Banco Central do Brasil, a população ocupada e a força de trabalho experimentaram acentuado recuo no início da crise sanitária.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), repercutindo as medidas de distanciamento social e seus impactos sobre a economia. Com o restabelecimento gradual da atividade econômica, a ocupação e a força de trabalho seguiram trajetórias de recuperação, mas ainda se encontravam no segundo trimestre de 2021 em patamares inferiores aos do período pré-pandemia.
Sendo assim, o rendimento médio real dos trabalhadores também foi afetado pela pandemia, mas de maneira bem menos intensa, contribuindo para evitar perda ainda maior da massa de rendimentos do trabalho.
Este boxe analisa a evolução recente do rendimento médio do trabalho, evidenciando que sua resiliência foi, em grande medida, afetada por variações na composição da população ocupada.
Assim sendo, o recuo na participação de grupos com rendimentos mais baixos e a elevação entre grupos com rendimentos maiores na população ocupada atenuaram a queda observada na série do rendimento médio real do trabalho.
Com o intuito de isolar o efeito da variação da composição da população ocupada sobre o rendimento médio, uma medida alternativa de rendimento médio foi calculada. A população ocupada foi, inicialmente, dividida por setores.
Dessa forma, para cada um deles o número de ocupados e o rendimento médio foram computados e dessazonalizados. Posteriormente, a participação de cada setor foi mantida constante a partir do 4º trimestre de 2019, último trimestre não afetado pela pandemia. Dessa forma, obteve-se um rendimento médio contrafactual, livre da influência da mudança da composição setorial.
A série de rendimento médio contrafactual mostra recuo substancialmente mais intenso na fase mais aguda da pandemia em 2020. Ademais, seu valor no segundo trimestre de 2021 é 2,8% inferior ao do rendimento médio original e 4,4% menor que o nível do quarto trimestre de 2019. Logo, a variação de composição da população ocupada desempenhou papel relevante para amenizar a queda do rendimento médio.
A medida de rendimento utilizada neste boxe foi a de rendimento médio efetivo de todos os trabalhos. Adicionalmente, em todo o texto, a expressão rendimento sempre se refere ao rendimento real (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA).
A menos que explicitamente indicado, a partir deste ponto a expressão população ocupada refere?se ao subconjunto da população ocupada que recebe rendimento por seu trabalho.
A população ocupada foi dividida em 34 setores: agropecuária; indústria extrativa; 13 setores da indústria de transformação; construção; serviços industriais de utilidade pública; e 17 setores de serviços. O procedimento foi repetido para outras classificações, combinando divisão por setores com outras aberturas, como será apresentado mais adiante.
Para cálculo do rendimento médio contrafactual, fez-se com que a população ocupada de cada setor evoluísse de acordo com as variações do total da população ocupada a partir do 4º trimestre de 2019. O rendimento médio de cada setor não foi alterado, informa o relatório oficial do BCB.