Câncer de pele é uma crescente preocupação de saúde no Brasil, com uma prevalência significativa entre a população. Uma nova tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) promete trazer uma solução efetiva para essa questão, especialmente para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Helena Pontieri Morales, uma dona de casa, descobriu uma lesão de câncer de pele em seu rosto de uma maneira bastante comum: uma pequena casquinha no nariz. Ela foi submetida a um tratamento revolucionário: a terapia fotodinâmica, que promete transformar a forma como o câncer de pele é tratado no Brasil.
A terapia fotodinâmica é uma inovação na medicina que permite que pacientes como Helena não precisem passar por cirurgia para tratar o câncer de pele. Essa terapia é oferecida gratuitamente em instituições como o Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, São Paulo, que é um dos 70 centros de estudos que utilizam essa tecnologia.
A terapia fotodinâmica é particularmente eficaz para o tratamento do carcinoma basocelular em estágio inicial. Essa lesão de pele, que é o tipo mais comum de câncer de pele entre os brasileiros, pode ser tratada de forma eficaz com essa tecnologia.
O aparelho de terapia fotodinâmica já tratou mais de 5 mil lesões e está presente em nove países da América Latina. O custo do tratamento é de aproximadamente R$ 200 a R$ 300 por lesão de pele de até um centímetro.
Após a aplicação de uma pomada na pele, que é absorvida pela lesão, o paciente é submetido à terapia fotodinâmica, que elimina as células cancerígenas. Em apenas duas sessões de 20 minutos, mais de 90% dos pacientes podem estar curados.
A terapia fotodinâmica foi desenvolvida pela USP de São Carlos há 20 anos. O Brasil é considerado o país que mais investiu nessa tecnologia no mundo, de acordo com a UNESCO.
Foram mais de R$ 10 milhões investidos, com incentivos de diversas entidades, incluindo a FAPESP, o BNDES, o Ministério da Saúde e a FINEP.
O Brasil enfrenta o desafio de elevar o nível de inovação para o mesmo patamar de sua produção científica. O desenvolvimento da terapia fotodinâmica é um exemplo de como a ciência básica pode ser transformada em inovação e em um produto que soluciona um problema real do SUS.
Embora o tratamento com terapia fotodinâmica já esteja disponível no sistema privado há cerca de 10 anos, somente em julho deste ano o aparelho foi aprovado para uso no SUS.
Isso representa um grande avanço, já que a terapia é relativamente barata e fácil de ser implementada, sendo especialmente adequada para o SUS, que atende a uma grande parcela da população.
Desde a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil em 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido uma pedra angular na prestação de serviços de saúde para todos os cidadãos brasileiros. Oferecendo acesso integral, universal e gratuito a cuidados de saúde, é considerado um dos maiores e melhores sistemas públicos de saúde do mundo.
O SUS beneficia cerca de 180 milhões de brasileiros, realizando anualmente cerca de 2,8 bilhões de atendimentos. Esses atendimentos vão desde procedimentos ambulatoriais simples até atendimentos de alta complexidade, como transplantes de órgãos.
Apesar de suas realizações, o SUS enfrenta muitos desafios. Questões como gestão do sistema e subfinanciamento da saúde (falta de recursos) são problemas comuns que exigem a atenção tanto do governo quanto da sociedade civil.
Além das consultas, exames e internações, o SUS também realiza campanhas de vacinação e ações de prevenção de vigilância sanitária. Isso inclui a fiscalização de alimentos e registro de medicamentos.
A implementação do SUS representou uma mudança radical no conceito de saúde no Brasil. Antes do SUS, a saúde era interpretada apenas como um estado de “não-doença”. Com o SUS, a saúde passou a ser promovida e a prevenção de doenças passou a ser parte do planejamento das políticas públicas.