Dentre as grandes tendências dos bancos privados da não aderência ao crédito consignado ao Auxílio Brasil, João Vitor Menin, presidente da Inter&Co, holding controladora do Banco Inter, afirmou que a empresa ainda não decidiu sobre operar ou não a nova ferramenta.
Nas últimas semanas, diversos bancos de grande e médio porte informaram que não irão operar na nova linha de crédito consignado com garantia de valores do Auxílio Brasil. As instituições estão demonstrando desinteresse na linha por se tratar de um público vulnerável. Dentre essas, o Itaú e o Bradesco já informaram a não adesão.
Assim como os citados anteriormente, o Banco Daycoval também já informou que não deve operar a modalidade. Deste modo, somente bancos públicos devem aderir à iniciativa. Menin informou em entrevista que, “estamos pensativos ainda. Não tomamos uma decisão. É um produto novo, mas se tivesse que falar, está mais para a gente não trabalhar no produto do que para trabalhar”.
Segundo os resultados do banco divulgados no dia 15, Menin aponta que há uma certa “consistência” na companhia. “Temos números bons na parte de custo, inadimplência e receita. Nenhum foi um estouro de melhora, mas todos melhoraram de forma consistente, em um resultado equilibrado”, afirmou.
Com relação à inadimplência, Menin informa que a empresa possui um portfólio diversificado e colateralizado. Além disso, o economista informa que a empresa possui foco em crédito consignado, imobiliário e para empresas. “Isso traz um nível de proteção muito maior”, afirmou.
Dados divulgados apontam que o índice de inadimplência da instituição acima de 90 dias avançou de 0,9% em um ano, para 3,9%. O Inter explica ainda que esta alta está, sobretudo, relacionada ao aumento no NPL de cartões que atingiu 7,9% no período.
O presidente destaca sobre o desempenho para o cartão de crédito da empresa. Segundo ele, houve um bom trabalho de cobrança e de melhoria para o produto, no qual foi responsável para que o banco não deteriorasse tanto quanto o restante do mercado. Ainda em relação a inadimplência, ele repetiu que o “pior já passou” e apontou que há boa expectativa para o fim de 2022 e para 2023.
De acordo com o ministro da Cidadania, Ronaldo Bento, algumas empresas já mostraram interesse no crédito consignado ao Auxílio Brasil. “Hoje já temos quase 17 instituições financeiras homologadas pelo Ministério da Cidadania aptas à concessão do empréstimo consignado. É um número que mostra o interesse do mercado em estar disponibilizando o crédito consignado a essa população”, disse Bento.
Contudo, o ministro ainda não informou quais são as 17 empresas que já estão homologados ao sistema. Bento defendeu ainda sobre a concessão de crédito ser uma forma de dar autonomia à população.
“O objetivo nosso é democratizar o acesso ao crédito. Com o auxílio, bancaríamos grande parte dessa população para fim de melhoria da sua qualidade de vida. Quando você coloca à disposição o direito ao crédito consignado, você está dirigindo a elas mais uma ferramenta para busca dessa autonomia que elas merecem”, argumentou.