No nosso dia a dia enfrentamos inúmeros desafios. Alguns deles envolvem o nosso ambiente de trabalho, o qual pode afetar diretamente nossa saúde mental. Apesar de todo trabalho trazer algum nível de desgaste, existem algumas atividades mais propensas a adoecer seus profissionais.
A clínica de saúde mental Eurekka, localizada em Porto Alegre, divulgou as quatro profissões no Brasil que mais causam afastamento e demissões devido a problemas de saúde mental. Se você trabalha em alguma destas atividades, com certeza já sentiu o impacto delas em seu estado emocional.
Portanto, não espere mais: se você trabalha em uma dessas áreas ou conhece alguém que trabalha, veja agora o que você pode fazer para preservar sua saúde mental frente aos desafios de sua profissão.
Os profissionais de saúde, que incluem médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, entre outros, estão na linha de frente quando se trata de cuidar do bem-estar físico de outras pessoas.
No entanto, a carga emocional e psicológica associada a esses papéis é extremamente elevada. Longas horas de trabalho, turnos noturnos e a constante exposição à dor e ao sofrimento dos pacientes contribuem para o desenvolvimento de problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e síndrome de burnout.
Os professores estão sob constante pressão para lidar com uma variedade de questões comportamentais e emocionais que seus alunos podem enfrentar. Além disso, muitos se sentem responsáveis em garantir o sucesso dos alunos, muitas vezes com recursos limitados.
Esses desafios, juntamente com a alta carga de trabalho (dentro e fora da escola), podem levar ao esgotamento e outros problemas de saúde mental. É essencial que os professores tenham acesso a apoio e recursos adequados para ajudar a lidar com essas pressões.
Profissionais de atendimento ao cliente estão na linha de frente lidando com reclamações, demandas e emoções de outras pessoas.
A pressão para bater metas, muitas vezes absurdas, e lidar com clientes grosseiros pode levar a altos níveis de estresse, ansiedade e depressão.
Em algumas funções, como no telemarketing, os funcionários são pressionados a não deixar o posto para ir ao banheiro ou tomar água, o que pode levar a outros problemas de saúde.
Policiais, seguranças, vigilantes e outros profissionais de segurança também estão entre aqueles com altos índices de problemas de saúde mental.
A natureza imprevisível e potencialmente perigosa de seu trabalho pode levar ao desenvolvimento de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão e ansiedade.
Já está comprovado que a saúde mental é um aspecto crucial do funcionamento geral do organismo. Por isso, deve ser tratada com seriedade, tanto que a legislação trabalhista brasileira ampara o trabalhador e o protege contra excessos prejudiciais no trabalho.
Mas como agir se você perceber que sua saúde mental está sendo afetada por seu trabalho?
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Constituição Federal oferecem várias garantias aos trabalhadores. Dentre elas, estão as proteções contra o excesso de trabalho e as condições de trabalho prejudiciais.
Por exemplo, a CLT limita a jornada de trabalho para 8 horas diárias e 44 horas semanais. Horas extras são permitidas, mas devem ser pagas com um acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da hora normal.
Embora a CLT não trate diretamente do assédio moral, o artigo 483 da CLT estabelece que um empregado pode considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando:
A legislação também proíbe práticas discriminatórias para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho.
Ainda, a legislação trabalhista brasileira prevê a obrigatoriedade do fornecimento de Equipamento de Proteção Individual (EPI) pelo empregador quando a natureza do trabalho exigir, e de manter o ambiente salubre.
O artigo 186 do Código Civil afirma que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Se você acredita que está enfrentando problemas de saúde mental devido ao seu trabalho, o primeiro passo é buscar ajuda de um profissional de saúde, como um psicólogo ou psiquiatra.
Este profissional poderá fazer uma avaliação completa e, caso seja necessário, requerer algum benefício previdenciário, como o auxílio-doença. Para ter direito ao auxílio-doença, o segurado precisa cumprir alguns requisitos:
De qualquer forma, é importante comunicar a situação à sua empresa, preferencialmente de forma escrita, para que fique registrado. Se a empresa não tomar as devidas providências, você pode procurar o sindicato de sua categoria ou um advogado especializado para discutir possíveis ações legais.
Se a empresa for responsável pelas condições que levaram ao problema de saúde, é possível entrar com uma ação de indenização por danos morais e materiais.
As limitações na jornada de trabalho, a proibição de tratamento desrespeitoso ou discriminatório e a responsabilidade dos empregadores em proporcionar um ambiente de trabalho seguro são apenas alguns exemplos de como a lei busca garantir o bem-estar dos trabalhadores. Mas sabemos que nem tudo funciona como deveria.
Apesar da evolução dos últimos anos, a saúde mental no ambiente de trabalho ainda é pouco abordada. Lembre-se, é fundamental que todos os profissionais saibam que têm o direito a um ambiente de trabalho saudável, e qualquer situação que afete a sua saúde mental deve ser levada a sério.
A legislação brasileira está aí para protegê-lo, e é importante buscar orientação profissional para garantir que seus direitos sejam respeitados.