A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta enfático, apontando que o mês de julho está a caminho de se tornar o mais quente da história. O secretário-geral da instituição, Antonio Gutérres, destacou que os efeitos projetados dos eventos climáticos estão se manifestando de forma mais rápida do que previsto. Com isso, o mundo já atravessa a era da “ebulição global”, deixando para trás a fase do aquecimento global.
O professor Ricardo de Camargo, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) vez uma análise importante. Ele verificou todas as perspectivas de eventos climáticos para os próximos anos e questionou se ainda é possível conter essas mudanças.
Camargo explicou a razão para o mês de julho apresentar temperaturas especialmente elevadas. O mês de julho é tipicamente o período mais quente devido à proporção de continente e oceano no hemisfério Norte.
Essa região possui significativamente mais áreas continentais em relação ao hemisfério Sul. Isso resulta em alta incidência de radiação solar nas porções continentais, caracterizadas por baixa umidade, levando a um aquecimento significativo.
Além disso, esse quadro é agravado pelo fenômeno El Niño, que impacta o Pacífico Equatorial Leste, aumentando ainda mais as temperaturas. Grande parte do Atlântico Norte também registra temperaturas superficiais anormalmente mais altas. Quando todos esses fatores são combinados, é inevitável que julho se torne o mês mais quente já registrado na história.
E quando falamos de eventos extremos, estamos nos referindo a ondas de calor ou até mesmo ondas de frio, períodos de chuvas excessivas ou prolongadas secas. Observamos essas características ocorrendo em diferentes regiões do globo, com eventos de temperaturas extremamente altas ou chuvas acima e abaixo das médias esperadas.
Isso é uma característica intrínseca do sistema climático da Terra. Ele acumula energia e calor devido ao efeito dos gases do efeito estufa, permitindo que essa energia fique retida no sistema.
Em se tratando da possibilidade de reverter esses efeitos, a crença é de que, no estágio atual, não seja mais possível fazê-lo. Temos a capacidade de minimizar os efeitos e atenuar os impactos, mas não mais do que isso. Para alcançar essa mitigação, ele enfatizou a necessidade de considerar a mudança na matriz energética. A demanda por energia será uma característica crucial que determinará – de fato, já está determinando – o nosso futuro daqui para frente.
Agosto, historicamente, é marcado por um aumento da frequência de temporais no Sul do Brasil, com maior proximidade das tempestades. Em 2023, devido à maior umidade e temperaturas mais elevadas, o risco de episódios de tempo severo aumenta.
O oitavo mês do ano representa o último do trimestre do inverno climático. Isso, apesar de a estação fria terminar astronomicamente apenas na segunda metade de setembro. Gradualmente, alguns traços climáticos da primavera começam a surgir.
Nesse sentido, agosto costuma apresentar uma temperatura média mais alta em comparação aos meses anteriores do trimestre climatológico de inverno. Dessa forma, é menos frio que junho e julho nas normais históricas.
Em Porto Alegre, por exemplo, a temperatura mínima média do mês é de 11,6ºC, um pouco acima das de junho (11,3ºC) e julho (10,4ºC). A média máxima mensal é de 21,8ºC, superando as médias de junho (20,3ºC) e julho (19,7ºC). A precipitação média mensal é de 120,1 mm, sendo a menor entre os meses da estação, uma vez que junho apresenta média de chuva no mês de 130,4 mm e julho de 163,5 mm.
Já na cidade de São Paulo, a temperatura mínima média do mês é de 13,3ºC, acima de julho (12,8ºC), mas inferior a junho (13,5ºC). Por outro lado, a média das máximas em agosto na capital paulista é de 24,5ºC, a mais alta dentre os meses do inverno, superando junho e julho, ambos com 22,9ºC. A precipitação média mensal em agosto na cidade é de apenas 32,3 mm, sendo a menor entre todos os meses do ano devido a ser o pico da estação seca.