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APAGÃO NO BRASIL: Dados errados podem ter levado o país a ficar sem energia, confirma ONS

O que causou o apagão que atingiu 26 unidades da federação no dia 15 de agosto? A resposta oficial para esta pergunta ainda está sendo apurada. Entretanto, alguns pontos já estão começando a serem esclarecidos. Nesta semana, o Operador Nacional do Sistema (ONS) divulgou novos relatórios sobre o tema.

O provável motivo da queda de luz

Nesta nova análise, o Operador apontou que geradores não teriam enviado informações corretas sobre o desempenho dos equipamentos. Esta suposta imprecisão poderia ter comprometido tanto o planejamento, como também a operação do sistema.

“O ONS e a EPE [Empresa de Pesquisa Energética] precisam da informação correta dos parâmetros elétricos e energéticos de todas as fontes, sobretudo das renováveis, para poder operar e planejar o sistema, garantindo a confiabilidade a mínimo custo”, afirma Luiz Augusto Barroso, presidente da consultoria PSR, especializada em energia, e ex-presidente da EPE.

“São muitas informações novas, sobretudo na parte elétrica, onde a gestão da operação pelo ONS é muito dependente de informação correta submetida pelos agentes.”

Apagão só não atingiu o estado de Roraima. Imagem: Ministério de Minas e Energia

Baixo desempenho

Na sexta-feira (25), a ONS disse que constatou em análises preliminares que os parques geradores próximos à linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II, da Chesf, uma subsidiária da Eletrobras, não teriam apresentado o desempenho esperado em relação ao processo de controle da tensão.

Até aqui, a única certeza mesmo é que a falha de transmissão da Chesf nesta região teria sido o evento zero do apagão nacional. Agora, a busca é por entender o que teria causado este problema. E o baixo desempenho destes geradores poderia ser a principal linha de investigação.

“Em todos os testes realizados com esses dados não foi observada redução de tensão que viole os procedimentos de rede como a ocorrida após o desligamento da linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II”, disse o ONS.

“Somente com as informações recebidas dos agentes após a ocorrência foi possível reproduzir, no ambiente de simulação, a perturbação do dia 15 de agosto”, diz o texto.

“A partir dessas novas informações, o ONS realizou uma análise minuciosa da sequência de eventos e testou múltiplos cenários, que apresentaram sinais de que o desempenho dos equipamentos informado pelos agentes ao ONS antes da ocorrência é diferente do desempenho apresentado em campo. Importante destacar que o problema identificado não tem relação direta com o tipo de fonte geradora.”

A próxima reunião de análise da ocorrência deve ocorrer ainda nesta semana, na próxima sexta-feira (1). A expectativa é para que novos detalhes sobre as causas do ocorrido sejam investigados.

Impacto do apagão

O apagão que atingiu 26 das 27 unidades da federação no último dia 15 de agosto teve impactos em várias áreas. Mesmo que a luz tenha voltado com certa velocidade em alguns estados, o fato é que houve uma queda de venda para setores do comércio. 

Ao menos é o que apontam os dados revelados pelo Índice Cielo de Varejo Ampliado. De acordo com as informações preliminares, o apagão teria provocado um queda de 4,8% do faturamento do varejo.

O impacto maior, ainda segundo esta mesma fonte, foi percebido nas regiões Norte e Nordeste, onde a energia elétrica demorou um pouco mais para ser retomada. Em algumas unidades da federação, foram mais de 8 horas de espera.

“A diferença de performance entre os estados está diretamente associada ao tempo sem abastecimento de energia. Por isso, vemos os comércios de unidades da federação do Norte e Nordeste com resultados mais negativos, enquanto as vendas em estados do Sul e Sudeste, por exemplo, sofreram menos o impacto do apagão”, afirma Carlos Alves, vice-presidente de Produtos e Tecnologia da Cielo.

Ao todo, se estima que os prejuízos com o apagão do último dia 15 de agosto podem chegar a nada menos do que R$ 500 milhões em todo o país.