Os analistas do mercado financeiro voltaram a elevar as estimativas para a inflação no Brasil em 2023, após duas semanas de queda. Isso quer dizer que os preços dos bens e serviços poderão subir mais que o esperado neste ano, pressionando a renda dos brasileiros.
De acordo com a nova atualização do relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país, a inflação deverá fechar 2023 em 5,96%. Na semana passada, as estimativas eram de 5,93%.
Em resumo, o aumento das projeções dos analistas indica que a inflação deve continuar em patamar elevado por enquanto. Na verdade, as estimativas mais recentes trazem variações tímidas, ou seja, a taxa inflacionária deve encerrar o ano em um patamar próximo do atual.
Para 2024, a taxa se manteve estável em 4,13%. A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas nesta segunda-feira (3).
As novas projeções para a inflação ficaram um pouco mais distantes da meta para este ano. A saber, cabe ao BC agir para buscar uma taxa abaixo da meta definida.
Para quem não sabe, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Portanto, caso a inflação de 2023 tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo superando a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir mais que o esperado mais uma vez.
Neste ano, os brasileiros deverão voltar a enfrentar uma inflação mais elevada. Na verdade, a taxa já está mais alta que o esperado, e isso pode ficar ainda mais intenso com a volta da arrecadação de impostos sobre combustíveis.
Em síntese, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou em janeiro deste ano um pacote de medidas adotadas pelo governo federal para reduzir o rombo das contas públicas. Para 2023, o déficit aprovado pelo Congresso Nacional foi de R$ 231,5 bilhões. Contudo, os esforços do governo devem reduzir o rombo para R$ 120 bilhões.
Nesse cenário, o déficit das contas públicas diminui graças ao aumento da arrecadação federal, ou seja, os brasileiros pagam a pagar mais caro, e a inflação se refere justamente a essa alta dos preços.
Para segurar a inflação, o Banco Central elevou 12 vezes consecutivas o juro da economia brasileira, a Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Com isso, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.
Inclusive, a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos.
Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024, mas não tanto quanto o esperado, principalmente por causa do retorno dos impostos sobre os combustíveis. Enquanto isso, os juros deverão se manter em patamar elevado por mais algum tempo.
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro manteve estáveis as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, em 0,90%.
Nas últimas semanas, os analistas elevaram de maneira recorrente as estimativas para o PIB do país em 2023, o que indica maior otimismo para este ano. Ainda assim, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser bem menor que o registrado em 2022.
Já para 2024, as projeções avançaram de 1,40% para 1,48%, após duas semanas de queda. Esse resultado também mostra que o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem do que em 2023, uma vez que os impactos da inflação deverão estar mais brandos no país.
Por fim, os analistas estimaram pela sétima semana consecutiva que a taxa Selic ficará em 12,75% ao ano em 2023. Já para o ano que vem, os juros deverão ficar em 10,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros.