As projeções para a inflação no Brasil em 2023 continuam pessimistas. De acordo com o relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país, a taxa inflacionária deverá crescer mais que o esperado neste ano.
Em síntese, a inflação deverá encerrar este ano em 5,79%, taxa levemente superior à projetada na semana passada (5,78%). Esse avanço reflete o pensamento dos analistas, que estão acreditando em um taxa inflacionária ainda mais intensa neste ano no país.
Aliás, o avanço é o nono consecutivo, o que reflete o aumento gradativo das incertezas com a manutenção da taxa inflacionária em níveis mais baixos até o final do ano. A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas nesta segunda-feira (13).
Vale destacar que essas projeções deixaram a taxa inflacionária ainda mais distante da meta para este ano. E isso não é um dado positivo para o Brasil, que busca uma taxa abaixo da meta da inflação, cumprindo a meta definida.
Para 2024, a taxa também subiu, de 3,93% para 4,00%. Esse foi o quarto avanço consecutivo, indicando que o sentimento para o próximo ano também é de maior pessimismo.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para inflação do país anualmente. A partir destes dados, o BC age para cumprir a meta definida, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil. Veja abaixo alguns desses benefícios:
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação brasileira, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também determina um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo. Assim, valores dentro desse intervalo indicam que a inflação foi formalmente cumprida.
Contudo, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, algo bastante negativo para a população, que sofre para comprar produtos e contratar serviços ainda mais caros que em 2022.
Em 2020, a pandemia da covid-19 impactou as cadeias globais de suprimentos, afetando toda a logística mundial. Isso reduziu a oferta, apesar de a demanda começar a se recuperar em 2021.
O resultado desse cenário foi o aumento expressivo dos preços de bens e serviços, uma vez que a procura estava maior que a oferta. E, quanto mais elevada a inflação, maior o custo de vida da população.
Como a pandemia também provocou a perda de milhões de empregos em todo o mundo, as pessoas não conseguiram manter os mesmo hábitos de consumo. Em suma, a redução na renda e a elevação da inflação dificultou a vida de milhões de pessoas.
Em 2022, as cadeias globais de suprimentos, que começavam a se estabilizar, sofreram um novo golpe: a guerra entre Rússia e Ucrânia. Isso fez os preços de diversos itens dispararem, principalmente o das commodities.
Para segurar a inflação, os Bancos Centrais passaram a elevar os juros com mais intensidade em 2022. No Brasil, o BC elevou 12 vezes consecutivas o juro da economia entre março de 2021 e agosto de 2022. Com isso, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.
Aliás, a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos. Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024.
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro reduziu levemente as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 0,79% para 0,76%.
A saber, este é o segundo recuo após duas altas consecutivas, que indicavam maior otimismo dos analistas do país. No entanto, as novas estimativas das duas últimas semanas refletem uma piora desse sentimento.
Já para 2024, as projeções se mantiveram estáveis em 1,50% pela sexta semana consecutiva, ou seja, o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem, uma vez que os impactos da inflação deverão estar bem menores no país.
Por fim, os analistas estimaram que a taxa Selic ficará em 12,50% ao ano em 2023. Esse indicador se refere à taxa básica de juro da economia brasileira. Já para o ano que vem, a taxa Selic deverá ficar em 9,75%, patamar